Uma manhã sem bombas em Gaza. Quase 400 crianças mortas
Do Pagina /12
A população palestina começou a sair às ruas após a trégua
que passou a imperar
desde as 8h (2h, em Brasília), ao passo que chegaram à Faixa
de Gaza os
primeiros caminhões com abastecimento e ajuda humanitária
internacional. A
Unicef informou que quase 400 crianças morreram e 2500
ficaram feridas pelos
bombardeios israelenses e alertou para o provável
aparecimento de doenças
mortais.
Desde a primeira hora da manhã, inúmeros comércios abriram
suas portas,
enquanto a população saía de suas casas e recorriam aos
mercados, com as ruas
cheias de carros e pedestres. O acordo de cessar fogo entrou
em vigor após a
retirada, nesta madrugada, das últimas forças terrestres
israelenses que
permaneciam dentro da Faixa de Gaza, principalmente no sul,
junto à fronteira.
Um membro do alto comando militar israelense confirmou que
manterá a dispersão
de tropas na fronteira “para não dar qualquer desculpa ao
Hamas” e advertiu que a
situação de trégua “não quer dizer, em nenhum momento, que a
operação Escudo
Protetor tenha terminado”. “Se os terroristas nos atacarem,
nós nos
defenderemos”, assegurou, ao insistir que as tropas estão
escanteadas nos
arredores da Faixa e que nenhum reservista foi mobilizado”.
Enquanto isso, não muito longe de onde as tropas estão, em
Kerem Shalom,
entraram na Faixa de Gaza os primeiros 300 caminhões com
abastecimento para a
população e ajuda humanitária internacional, dez deles com
medicamentos e
equipes médicas. Os hospitais de Gaza estão abarrotados e
literalmente
colapsados pelo alto número de vítimas após 29 dias de
ofensiva. Nos arredores
dos centros assistenciais, existem ainda inúmeros civis que
procuraram refúgio por
conta dos bombardeios.
Os últimos dados do Ministério da Saúde indicam que 1867
palestino, na maioria
civis, morreram, e 9563 ficaram feridos desde o início da operação,
no último dia 8
de julho. As autoridades palestinas estimam que o número de
vítimas pode crescer
nos próximos dias, quando começarem a remover os escombros
das milhares de
casas que foram bombardeadas – entre as quais mais de mil
foram completamente
destruídas.
Pernille Ironside, chefe do Escritório da Unicef em Gaza,
informou que quase 400
crianças morreram e 2500 ficaram feridas pelos bombardeios,
e lembrou que, na
Faixa, continuam sem eletricidade e água. Por isso, é
iminente o aparecimento de
doenças que possam ser mortais às crianças.
“A ofensiva teve um impacto catastrófico e trágico para as
crianças. Morreram 392
crianças e outras 2502 ficaram feridas. Se levarmos em conta
o que essas cifras
representam para a população de Gaza, é como se 200 mil
crianças tivessem
morrido nos EUA”, afirmou. E acrescentou que “tem gente que
não teve acesso a
água por várias semanas. Já detectaram problemas de pele e
tememos que
apareçam casos de diarreia, o que só levaria a mais mortes
de crianças”.
Tradução: Daniella Cambaúva
Comentários