Ucrânia e Ocidente: uma longa ressaca depois de bebedeira de mentiras

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos reconheceu, pela primeira vez desde o início da operação punitiva de Kiev no leste, o perigoso aumento do número de vítimas civis ucranianas. Só nas últimas duas semanas, segundo dados da ONU, o número de mortos quase duplicou, tendo ultrapassado as 2 mil pessoas.

Por Andrei Fedyashin, na Voz da Rússia


RIA Novosti/Mikhail Voskresensky
Cidade de Shaktersk após bombardeio
Há uma semana, a Ucrânia foi visitada pelo diretor do gabinete europeu do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Vincent Cochetel. Ele declarou que “não estava preparado para aquilo que viu no leste da Ucrânia”. A cortina de mentiras e desinformação de Kiev e seus patrocinadores de Washington sobre todos os acontecimentos parece estar gradualmente caindo dos olhos do Ocidente.

O processo de ressaca, depois da mentira consumida, está claramente em curso. Nos jornais europeus aparecem artigos que nem se poderiam imaginar há dois ou três meses.



“Durante muitos meses, escreve o britânico The Daily Telegraph, o Ocidente demonizou o presidente Putin com recurso, inclusivamente, a figuras como o príncipe Charles e Hillary Clinton (ex-secretária de Estado dos EUA), que o compararam a Hitler. Entretanto, eles não tinham qualquer ideia que toda esta crise foi despoletada por tentativas provocatórias e irracionais da União Europeia de absorver a Ucrânia. Parece que ninguém podia imaginar que Moscou não deixaria de reagir a uma tentativa de absorver o berço da identidade russa e de incorporá-la no império de Bruxelas. Juntamente com o único porto da Rússia na Crimeia, de águas profundas e que não congela no inverno, e que deveria ser cedido à Otan.”

Na mídia eletrônica são cada vez mais frequentes as vozes de peritos que não foram admitidos na rádio e TV durante o auge dos “amores” por Kiev. Hoje eles já obtêm o direito de expressar abertamente suas opiniões tanto acerca da operação punitiva, como do desastre do Boeing da Malásia no leste da Ucrânia. Segundo sublinhou o professor emérito das universidades de Princeton e de Nova York e conhecido historiador norte-americano Stephen Cohen:

“Eu não tenho nenhum conflito com a ‘opinião geralmente aceita’ sobre as causas da tragédia do Boeing 777 da Malásia. Simplesmente, eu estou habituado a interpretar fatos, e não rumores e desinformação. Mas por qualquer razão são-nos oferecidas conclusões sem terem sido apresentados os fatos. Me repugna ver todos esses jogos políticos, no sentido literal, com as almas dos quase 300 mortos. Qualquer detetive da polícia lhe dirá que em cada crime duvidoso o principal é descobrir o motivo.

“A Rússia não tinha qualquer motivo para abater o avião. Os rebeldes, que combatem Kiev no leste da Ucrânia, também não tinham quaisquer motivos. Digam, então, para que quereriam eles abater um avião de passageiros? As únicas pessoas ou estruturas que tinham motivos para abater o avião eram quem está interessado em piorar o estado de coisas na Ucrânia. Quem estava interessado em dirigir a opinião pública mundial e, talvez, aproximar o estado de guerra. Se isso não foi um trágico acaso, se isso foi feito com intenção, então a única estrutura que tinha motivos para isso era Kiev. De forma nenhuma Moscou.”

Hoje, diz Stephen Cohen, nós já estamos a poucas polegadas daquela linha apocalíptica após a qual poderá começar uma verdadeira guerra. Apenas os EUA podem agora obrigar Kiev a parar de bombardear o leste do país. Apenas o presidente Obama e o secretário de Estado Kerry estão em condições de obrigá-lo a se sentar à mesa das negociações: sem apoio norte-americano esse governo não se aguenta nem um dia. O perito considera:

“Os EUA, aqui eu cito uma declaração do Pentágono ao Congresso na semana passada, ‘tem conselheiros integrados no Ministério da Defesa da Ucrânia‘. Isso significa que somos nós quem dirige esta guerra. Kiev não tem dinheiro. Ele não tem equipamento nem experiência. Somos nós e a Otan que estamos fazendo a guerra. Esta guerra é uma espécie de operação conjunta de Washington e da Otan. Sem nós o governo de Kiev cai.”

Muitos hoje já começaram se esquecendo como começou toda esta crise. Os habitantes dos EUA e da Europa foram simplesmente intoxicados com rumores e com desinformação evidente sobre a tragédia do avião comercial malaio. O presidente Obama vira todos os fatos sobre a Ucrânia de pernas para o ar, considera outro historiador norte-americano, analista político e locutor de rádio Stephen Lendman:

“Washington e seus parceiros em Kiev são totalmente responsáveis por tudo o que acontece agora na Ucrânia. Por toda a violência e por todas as quebras econômicas. Na Ucrânia foi realizado um golpe de Estado, golpe que é apoiado por Obama. Entre os novos amigos de Obama em Kiev há muitos extremistas neonazistas, capangas nazistas absolutos, elementos antissociais dos mais descarados. O presidente Obama apoiou o estabelecimento do poder da rua em Kiev.”

Quanto às sanções econômicas contra a Rússia impostas à Europa, os peritos europeus pensam que a “obediência” de Bruxelas será mais prejudicial para todos os países da União Europeia em conjunto que para Moscou.

Fonte: Voz da Rússia


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