Síria: Inteligência dos EUA para a Força Aérea Síria


21/8/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
                 POSTADO POR CASTOR FILHO
Como que para confirmar a virada da maré, Le Monde publicou nos últimos três dias dois artigos sobre a Síria que já quase se aproximam de ser jornalismo que preste! [De: Mina | 21/8/2014, em “Comentários”]

Pepe Escobar
Pepe Escobar escreveu em Asia Times Online sobre o enlouquecimento crescente do ISILna Síria e Iraque:

Muito conveniente, um britânico a degolar um norte-americano – que virada no roteiro do tal “relacionamento especial”! – que sanciona logo a volta de Bombas sobre o Iraque (que durará “meses”, nas palavras de Obama); mais ataques; mais drones; talvez até mais coturnos em solo; quem sabe, no futuro, uma ampliação até a Síria.

É conveniente, de fato. Mas a super-extensão da mesma guerra, ou, talvez, uma escalada planejada, já estava em andamento antes de o vídeo da degola de James Foley ser publicado:

Na 2ª-feira (18/8/2014), o presidente ampliou os objetivos dos bombardeios. Os ataques aéreos contra o ISIL ainda são para proteger cidadãos norte-americanos e servem a objetivos humanitários, disse ele; mas agora, ao que parece, esses seriam só os objetivos gerais dos bombardeios. O presidente também sugere que o ISIL é ameaça à segurança dos EUA. Não pela primeira vez, Obama disse que, tão logo o novo governo iraquiano seja constituído, nós “aumentaremos” o poder militar do Iraque contra o ISIL.

A única coisa surpreendente é a rapidez do deslizamento ladeira abaixo.

L-39ZA - Albatros dispara mísseis UV 16-57 contra comboio do ISIL  em Tel Rafat, a 37km de Aleppo
Os EUA estão outra vez em plena guerra no Iraque. Mas os bombardeios na Síria, me parece, serão deixados a cargo da Força Aérea Síria. Já há alguns dias, aviões sírios estão atacando alvos do ISIL em Raqqa com munição de precisão, não com as “barragens de bombas” de sempre. Armas de precisão carecem de informações precisas de inteligência que lhes indiquem com precisão os alvos. Dois jornalistas confiáveis da região já sugeriram que os EUA estão fornecendo essas informações de inteligência ao governo sírio. O Angry Arab noticia:

O altamente competente e confiável correspondente de As-Safir em Paris diz que os EUA estão fornecendo informações de inteligência ao regime sírio, para ajudá-los a atacar posições do ISIL na Síria.

O correspondente de As-Safir aí citado é Mohammad Ballout. Elijah J. Magnier, AL RAI correspondente internacional chefe, tuitou há dois dias:

#BreakingNews: #EUA #Síria: #SAF Mig-29 bombardeando diariamente alvos selecionados do #ISIL em #Raqqa com mísseis teleguiados por informação fornecida pelos #USA

A agência Reuters noticia que os sírios têm esperanças de chegar a uma détente com o “ocidente” induzida pela ameaça do Estado Islâmico:

Ghaleb Kandil, outro jornalista libanês com laços íntimos com o governo sírio, disse que o ocidente será forçado a negociar com Assad, mais cedo ou mais tarde. Em troca de cooperação de segurança, Assad exigirá plena reabilitação política. “Só o estado sírio tem informação adequada e confiável sobre os terroristas – disse Kandil. [1]

Exército sírio derrota ISIL em Raqqa (20/8/2014)
Com os EUA fornecendo dados sobre alvos para a Força Aérea síria, já se vê que já há, estabelecida, uma détente, pelo menos informal. Mais oportunidades para uma virada na posição do “ocidente” logo aparecerão.

Diferente do que Pepe Escobar antecipa, dificilmente ocorrerá “uma extensão para a Síria” dos ataques de aviões norte-americanos, enquanto a Força Aérea Síria tiver e mantiver suas capacidades para agir a partir de sinais de inteligência anti-ISIL fornecidos pelos EUA. Rússia (e Irã) providenciarão para que a Força Aérea Síria tenha o material e as capacidades humanas para alcançar essa meta.


Nota dos tradutores
[1] Sobre o muito que os sírios sabem sobre terroristas contra os quais combatem há três anos, ver: 7/4/2013, redecastorphoto:  (Entrevista) Presidente Bashar Al-Assad, da Síria: “Estamos cercados por países que estimulam o terrorismo”:

Não há como separar os diferentes incidentes de segurança. Só é possível que terroristas continuem a entrar em território sírio, aos milhares, talvez dezenas de milhares – é difícil quantificar com precisão – se recebem apoio externo. E estão chegando de várias direções. Por isso há combates em várias regiões do país.
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