Padilha propõe monitorar ação policial para acabar com abusos

Jornal GGN - O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, propôs que a policia do Estado seja equipada com câmeras de vídeo para que as atividades sejam monitoradas. Atacando a política de segurança do governador  e adversário Geraldo Alckmin (PSDB), Padilha disse que vai adotar medidas opostas ao tucano, que “convive com o PCC e foi leniente, durante 15 anos, com a corrupção no Metrô de São Paulo”. “Não vamos empurrar nada para debaixo do tapete”, disparou.

Em sabatina promovida pelo Estadão na tarde desta quinta-feira (7), Padilha argumentou que a ideia de monitorar as atividades policiais é um dos passos necessários para tentar reduzir a ocorrência de abusos de poder por parte das corporações. “Isso é importante tanto para o policial ter provas e se defender de qualquer situação [denúncia], e para a população também se armar contra os abusos”, ponderou.
Na avaliação do petista, o governo do Estado é permissivo com  “racismo institucionalizado contra negros”. “Ainda acontecem muitos abusos e violência policial”, disse Padilha, lembrando que uma larga parcela de jovens negros é brutalmente assassinada sem apuração e punição. Fazendo um gancho, o candidato também disse ser totalmente favorável à manutenção de cotas raciais em universidades públicas, e rechaçou a possibilidade de cobrar mensalidade nessas instituições.
Ainda sobre a política de segurança pública estadual, Padilha defendeu a criação de uma força integrada entre as policias Militar, Civil, Científica e até mesmo Federal e as Guardas Civis Municipais. Além de alinhar a formação de parte das corporações, a ideia é criar uma central única de policiamento, e fechar parceria, no caso de videomonitoramento, com instituições privadas. Segundo Padilha, há milhares de câmeras instaladas em bancos, shoppings e outros espaços movimentados que podem servir de apoio ao poder público.
PCC e corrupção
Questionado sobre a ligação do deputado estadual Luiz Moura (PT) com o a facção criminosa PCC, Padilha afirmou que o partido foi ágil e expulsou o parlamentar da legenda. “O PT foi rápido e mostrou que diferente do governo do Estado, vai ser implacável sempre e com qualquer pessoa que esteja relacionada a facções criminosas.Muito diferente de Alckmin que convive com o PCC, deixou de combater a facção, permite que eles usem celular dentro dos presídios”, disparou Padilha.
Sobre o cartel dos trens paulistas (caso Alstom), Padilha também foi incisivo e apontou que o escândalo que atravessa os governo Mário Covas, José Serra e Alckmin só ganhou holofotes por conta da fiscalização imposta pelo governo federal e órgãos internacionais.
“Não vamos jogar corrupção para debaixo do tapete. O caso só apareceu porque autoridades internacionais, a Policia Federal e o Cade iniciaram a apuração. Com nosso governo não terá corrupção no Metrô, nem embaixo do tapete”, respondeu Padilha.
Ele prometeu aplicar o regime de concessões à ampliação da malha metroviária paulista. “Quero fazer aqui o que o governo federal fez para acelerar as obras da Copa, ou seja, concessão. Mas no meu gabinete terá um centro permanente integrado com promotores para acompanhar essas obras”. Padilha também afirmou que a prioridade será levar o Metrô para a região do ABC, Guarulhos, Taboão da Serra e Brasilândia. “Vamos fazer até 2018 o que Alckmin prometeu para 2020 e agora empurra para 2030”, garantiu.
Transporte
Ainda sobre transporte, o petista afirmou que fará reajustes tarifários no transporte público com “responsabilidade”, mirando a inflação. Prometeu criar o Bilhete Único Metropolitano e reduzir em 25% o custo de quem usa o Metrô, CPMT e EMTU. Também defendeu redução do ICMS com vistas a cortar os gastos de operação do sistema e impactar mais na tarifa.
Tráfico de drogas
Confrontado sobre a política de enfrentamento ao tráfico de drogas pelo Planalto, Padilha disse que se tornou hábito de Alckmin jogar na conta da Polícia Federal a culpa pela circulação de entorpecentes em São Paulo. “Diferente do tucano”, o petista promete investir na fiscalização das fronteiras do Estado, e aceitar as parcerias oferecidas pelo Ministério da Justiça.
Ainda sobre drogas, o ex-ministro afirmou que Alckmin não fez parcerias com o Ministério da Saúde afim de criar políticas para dependentes químicos. Segundo Padilha, o governador deveria ter seguido os passos do prefeito Fernando Haddad (PT) e implantado o Braços Abertos de olho nos viciados da Cracolândia.
Maioridade penal
Contrário à redução da maioridade penal e revisões no Estatuto da Criança e Adolescentes que ampliem o tempo de internação de menores infratores. “O atestado de falência do Estado é justamente, em ano eleitoral, querer tirar o foco do debate sobre segurança pública para defender mudanças na Constituição afim de alterar a maioridade penal.”
Saúde e água
Ao final da sabatina, Padilha defendeu o Mais Médicos e disse que depois da importação de profissionais para atender a rede básica de saúde, é necessário criar um São Paulo um programa voltado para as especialidades.
Na questão da água, Padilha disse que Alckmin é quem faz uso eleitoral da crise de abastecimento por evitar decretar racionamento de olho nas urnas. “É volume morto e racionamento vivo”, comentou. Ele prometeu fazer em quatro anos todas as obras que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado) não fez nos últimos 10 anos.

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