“MERCADO DE NOTÍCIAS” VAI NO ESSENCIAL

Mercado de Notícias13

por Paulo Moreira Leite

Se você já percebeu que há alguma coisa errada no jornalismo brasileiro, recomendo entrar no primeiro cinema que aparecer à sua frente para assistir “Mercado de Notícias,” de Jorge Furtado.
Com a segurança de quem entra num debate complicado, Jorge Furtado evita a simplificação e o pedantismo. O roteiro pede ajuda a uma peça de 1625 de Ben Jonhson, para discutir a origem do jornalismo nas sociedades modernas. E vai ao fundo da questão ao retratar a construção da notícia como mercadoria – esse ente intercambiável, que se reproduz, se compra e se vende.

Estamos falando, basicamente, de dinheiro e propriedade. O protagonista da peça é um herdeiro jovem e rico, que não sabe direito o que fazer com a própria fortuna, até que é convencido por amigos a abrir um jornal – e é assim, com ambição de lucro e certa futilidade, que o filme começa, há quase quatro seculos atrás.
Mas “Mercado de Notícias” combina ficção dramática e documentário. Jorge Furtado ouviu o depoimento de 13 jornalistas brasileiros, que surgem na tela em aparições que nada têm de decorativas. Ajudam a debater valores, controles ideológicos e vexames recentes dos meios de comunicação, que permitem lembrar a dificuldade de se praticar, em casa, as lições e recomendações que são ponto de honra dos manuais de redação.
O filme nada contra a correnteza das banalidades convencionais para discutir o ponto político essencial: por que o jornalismo deixou de mostrar o Brasil para os brasileiros?
A resposta não é fácil mas está lá, na tela.
(Ao lado de Janio de Freitas, Raimundo Rodrigues Pereiras, Mino Carta, Bob Fernandes, fui um dos 13 jornalistas entrevistados para o filme. Você pode ver, neste link, a íntegra de meu depoimento:
http://www.omercadodenoticias.com.br/entrevistas/#jornalistas/paulo-moreira-leite )

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