Marina diz que explicará avião na Globo. Deve explicar ao país, não ao Bonner

Autor: Fernando Brito
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Ao desembarcar no Rio, Marina Silva disse aos repórteres que responderá na Globo às suspeitas em relação ao avião em que morreu Eduardo Campos.
“Questionada ao desembarcar no aeroporto Santos Dumont, no Rio, se poderia adiantar a resposta que pretende dar em rede nacional sobre o avião da campanha do PSB que caiu e levou à morte do presidenciável Eduardo Campos e de outras seis pessoas, Marina limitou-se a dizer que “na hora em que ele [William Bonner, apresentador do JN] me perguntar eu darei a resposta”.
É uma atitude que mostra bem como Marina passou a tratar a verdade (e a versão) como ferramenta de marketing.

A questão da compra camuflada de um avião para servir um candidato, o seu então cabeça de chapa Eduardo Campos, é grave e diz respeito a toda a imprensa, não à entrevista da Globo, porque tem (tem tanta assim?) repercussão.
Teria sentido a exclusividade se a denúncia fosse exclusiva da Globo e, antes de se tornar pública, fosse levada à candidata para que ela se pronunciasse.
Mas, além de não ser apenas a Globo quem levantou suspeitas , muitos dos fatos já se tornaram públicos. Inclusive a nota de seu partido (ao menos formalmente), o PSB.
É legítimo que Marina dissesse, antes, que não sabia sobre o avião e que Eduardo Campos lhe tivesse dito que “arranjou” a aeronave com empresários.
Agora, não é.
Porque, a esta altura, isso soará e será um “tirar o corpo fora” das responsabilidades que ela, como vice e muito mais como candidata, tem.
Seria seu dever, antes, oferecer todas as informações de que dispõe, poucas que fossem, à opinião pública.
E é seu dever, se as tem, dá-las amplamente, numa coletiva, não ao sabor da maior ou menor virulência das perguntas de William Bonner.
Até porque ser agressivo e grosseiro não quer dizer ser atilado entrevistador.
Estranhamente, os repórteres aceitaram esse “vou responder” seletivo.
Marina, a Globo e, sobretudo o restante da imprensa precisam entender que eleição não é uma ação entre amigos, mas o debate mais amplo do país.

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