Mais uma prova da culpa no cartório – e no DOPS – das empresas na ditadura brasileira

Autor: Fernando Brito
listanegra
A agência Reuters publica hoje, com base em levantamentos da Comissão Nacional da Verdade, uma lista de 460 trabalhadores do ABC palista incluídos numa “lista negra” elaborada em conjunto pelas empresas – grande parte delas multinacionais – e pelas forças da repressão, em 1980.
Na  Volkswagen, foram 73; na  Mercedes Benz,  52.
Isso em 1980, quando a ditadura já tinha saído de seu pior período e apenas na região do ABC paulista.
Dá para imaginar quantos foram nos anos mais sombrios e em todo o país.

Brian Winter, o repórter que assina a matéria, diz que  entrevistou 10 pessoas cujos nomes apareceram na “lista negra” e que “a maioria relatou ter sido despedida pelas empresas no início dos anos 1980, na época que o documento apareceu. Alguns disseram que foram presos pelo menos uma vez, às vezes em piquetes. A maioria relatou problemas para encontrar trabalho mais tarde”.
o documento faz parte do relatório final da Comissão de Verdade, que deverá ser apresentado em breve.
E  é mais uma prova da cooperação de grandes empresas e a ditadura, que teve seus maiores símbolos políticos no Ibad, que financiou a derrubada do governo Goulart e na Operação Bandeirantes, quando alimentaram a dinheiro a prisão, tortura e morte de centenas de pessoas.
Comparado a isso, a crueldade de demitir e perseguir simples operários poderia até ser considerada um fator menor.
Mas ajuda a esclarecer quem é que mamava, enquanto os militares seguravam, bem amarradinha, a vaca.

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