Joice Hasselman — a nova Sheherazade — e Lobão: par perfeito
E quando parecia que não poderia existir nada mais reacionário que Rachel Sheherazade no campo das apresentadoras eis que surge Joice Hasselman.
Tinha que ser na Veja. Na tevê da Veja. TVeja.
A Veja importou Joice do Paraná, onde ela tinha um blogue sobre o qual recaíram copiosas acusações de plágio.
É uma Sheherazade loira. Ou um Jabor de saias. Ou um Augusto Nunes de batom. Ou um Olavo Carvalho de salto alto. Ou um Reinaldo Azevedo com cabelo. Ou um Constantino sem excesso de peso.
Você escolhe.
Ela entrevista suas almas gêmeas. Nesta terça, foi Lobão, com ares de Confúcio míope em seu cavanhaque branco que está quase batendo no peito.
Com pose de gênio, Lobão se declarou, orgulhoso, um “predador”. É o oposto dos “paus molengas”, expressão que ele deu para repetir incessantemente.
Desferiu as habituais pancadas no PT e disse que é um erro a maioria decidir os rumos de um país, porque a maioria é burra.
Teríamos, no mundo de Lobão, uns poucos Lobões decretando o que é bom e o que é ruim para nós.
Essa é a noção dele de uma sociedade saudável.
Joice achou incrível essa colocação de Lobão.
Eles levaram um furo para a TVeja. Capilé, segundo Lobão, tem grandes chances de ser o ministro da Cultura num governo Marina.
Em torno desse delírio ministerial, Lobão e Joice falaram por longos minutos. Lobão, a pedido dela, explicou detalhadamente o que significa ter Capilé no Ministério da Cultura.
Como disse Wellington, quem acredita em Capilé ministro — em qualquer governo — acredita em tudo.
Lobão diz que Marina é na verdade do PT, e então a solução é votar em Aécio, o esquerdista Aécio. E depois torcer para que surja um partido de direita porque o PSDB, segundo ele, é de esquerda.
Lobão parece lobotomizado. É como se as ideias ultradireitistas de Olavo de Carvalho tivessem tomado seu cérebro e o impedissem de raciocinar. O fundamentalismo de OC é particularmente perigoso para analfabetos políticos como Lobão, pois lhes dá a ilusão de haver encontrado a solução resumida para todos os problemas da humanidade.
E em sua louca cavalgada Lobão já não se dá conta das incoerências que profere.
Fala nas liberdades individuais, mas é contra o aborto e contra o casamento gay. No fundo, é uma versão rock’n’roll do Pastor Everaldo.
Compôs, com Joice Hasselman, um par perfeito na TVeja. Para ficar melhor, só faltou no final um letreiro dizendo que foram felizes para sempre.
Para quem sente saudade de Rachel Sheherazade – não esta condenada a ler notícias no teleprompter, mas aquela que vociferava contra qualquer coisa vinculada à esquerda – Joice é a solução.
Para os demais, ela é uma prova a mais de que a direita no Brasil é uma piada.
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