Greenpeace Brasil ou como uma organização tenta explicar a falta d'água em SP
O Greenpeace é uma organização global cuja missão é proteger o meio ambiente, promover a paz e inspirar mudanças de atitudes que garantam um futuro. Pelo menos é assim que a organização no Brasil se define. Mas uma ação em São Paulo deixou simpatizantes do movimento com uma pulga atras da orelha. Diz o Greenpeace que o possível racionamento de água no Estado é provocado por mudanças climáticas (seria interessante ouvir os meteorologistas analisarem essa questão) e não por má gestão na Sabesp.
O organismo vai contra dados da Sabesp, que indicam que “antes mesmo da crise de abastecimento no Estado (de São Paulo), a escassez de água era uma realidade para pelo menos 1,6 milhão de pessoas”, conforme divulgado em reportagem da Folha . Na matéria, moradores do condomínio Tamboré relatam que a companhia os força a um “rodízio informal, há anos”, e por isso recorreram à Justiça para, ao menos, garantir o direito de serem informados sobre o corte. A empresa, por sua vez, justificou que “a maior parte da população afetada está em áreas periféricas da região metropolitana, na chamada cidade informal”, de acordo com a reportagem.
Outra matéria, no mesmo jornal, ainda relata que a Sabesp deixou de investir 37% do que estava previsto para a realização de obras entre 2008 e 2013. O documento interno divulgado pela Folha mostra que parte dos diretores criticou o adiamento do início da implantação do Sistema Produtor São Lourenço, de 2011 para 2014. Ou seja, internamente não há dúvidas que, se o banho hoje é de canequinha e a água para beber e cozinhar terá que ser comprada pela população que já paga por esse serviço, o problema foi falta de gestão afinal, a princípio, os únicos afetados pela escassez de água em São Paulo era o povo da chamada “cidade informal”.
Aí, você pode pensar: mas então, por que cargas d'água (ops) o Greenpeace resolveu sair por aí para dizer que, na verdade, o problema da falta de água em São Paulo é em função do clima? Seria talvez porque o governo do Estado de São Paulo é do PSDB? Ou talvez porque um dos influentes membros da organização, Fábio Feldmann, assumiu a coordenação de meio ambiente na campanha eleitoral de Aécio Neves? Seja lá o que for, o certo, é que preciso desconfiar das “boas intenções” do Greenpeace em falar para a população de São Paulo (e não nos referimos apenas à capital, que fique claro), que a culpa da falta d'água é do clima.
Na dúvida, pergunta para o Greenpeace se será ele que vai comprar a água mineral para você cozinhar e beber, afinal, até mesmo o volume morto da Cantareira tem prazo de validade. Se o governo de São Paulo insistir em ficar criando justificativas no lugar de adotar medidas reais de enfrentamento à provocada “seca” de São Paulo, até o volume morto vai acabar e, aí sim, haverá problemas climáticos.
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