Futebol: propostas para equilibrar receitas dos clubes

Nos últimos cinco anos o endividamento dos clubes de futebol no Brasil cresceu 74%. Os dados, da organização Bom Senso F. C., apontam ainda que somente para o governo federal os clubes devem R$ 2,5 bilhões. Como melhorar a situação dessas entidades esportivas e, mais ainda, a vida dos atletas, visto que 16 mil dos 20 mil profissionais empregados no futebol brasileiro recebem menos de dois salários mínimos?
 
Para responder a essas questões a apresentador Luis Nassif recebeu no programa de debatesBrasilianas.org (TV Brasil) o professor de gestão do esporte na USP, Ary José Rocco Junior e o jurista que colaborou na redação da Lei Pelé, Heraldo Panhoca. Cerca de 80% das receitas dos clubes de futebol vem da TV, enquanto que em outras partes do mundo as receitas dos clubes adquiridos com os direitos de transmissão não chegam a 25%.
 
“Em 2011 a [Rede] Globo comprou os direitos de transmissão dos campeonatos por R$ 380 milhões. A partir de 2013, com o aumento de interesse de outras redes de televisão, o valor da compra passou para R$ 1,5 bilhão”, explicou o jurista Panhoca. O professor Rocco Junior completou que a venda de ingressos, patrocínio, marketing, formação e venda de atletas compõe o resto da receita dos clubes, mas o fato é que essas entidades esportivas acabaram se tornando reféns da televisão. 
 
Na Espanha o modelo de aquisição de receita também gera desigualdades entre os clubes, pois cada entidade negocia os direitos de transmissão individualmente com as redes de TV. “Assim, Real Madrid e Barcelona acabam levando a maior parcela, que são os grandes times”, completou Rocco Junior. 

Na Alemanha os direitos de transmissão são geridos por uma liga que reúne todos os times oficializados no país, com isso a repartição de receitas é mais equilibrada. Já na Inglaterra é a Premier League que representa os times no país. Mas o modelo ideal, para o professor da USP, deveria ser espelhado na NBA, liga de basquete norte-americana. “Nos Estados Unidos as ligas esportivas são empresas. Então os times fecham um contrato de franquia com a NBA que regula, portanto, a repartição das receitas”, explicou o professor. 
 
O jurista Heraldo destacou que a primeira liga esportiva no Brasil foi criada há pouco tempo, mas no basquete. “Estamos entrando no sétimo ano. A Confederação [Brasileira de Basketball] ficou apenas com a Seleção Brasileira. Agora o campeonato nacional é feito pela liga e gerido pelos clubes através de um comitê. Dessa forma começamos a quebrar o modelo cartorial”, continuou. 
 
O triste desempenho da Seleção Brasileira, depois da goleada de sete a um que levou da Alemanha, e da derrota por três a zero para a Holanda, durante a Copa do Mundo, aumento o volume de críticas à gestão do futebol no Brasil e, em especial, a responsabilidade do governo em relação às políticas desportivas. 
 
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), responsável pela organização dos campeonatos e da Seleção Brasileira, é uma entidade de direito privado, criada através do do Artigo 217 da Constituição Federal que lhe dá autonomia de funcionamento e organização internos. Logo, o governo federal só teria condições de interferir sobre as decisões da CBF alterando a Constituição, destacou Panhoca. 
 
Assista a seguir ao programa Brasilianas.org completo. 
 

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