Finlândia quer compensação de Bruxelas pelas sanções russas

Moscovo respondeu na mesma moeda aos países que aprovaram sanções contra a Rússia. O primeiro-ministro finlandês teme o impacto das sanções russas na economia e diz que o custo tem de ser dividido por todos os países da UE.
Vladimir Putin responde às sanções com mais sanções, a começar pelos produtos alimentares. Foto Bohan Shen/Flickr
“Isto tem potencial - repito, potencial - para se transformar na Crise Económica 2.0”, afirmou esta quarta-feira Alexander Stubb, após o anúncio feito em Moscovo de sanções a produtos alimentares e matérias-primas com origem nos países que aprovaram sanções à Rússia nos setores financeiro, da energia e defesa, que vigoram desde 1 de agosto.
A Rússia é o terceiro maior mercado para as exportações finlandesas e o governo de Helsínquia antecipa o regresso da recessão económica com a aplicação das sanções russas. Da mesma forma, o efeito das sanções da União Europeia, EUA e Canadá na economia russa também afeta indiretamente a finlandesa. O banco central da Finlância calcula que um recuo de 3% no crescimento da economia da Rússia corresponda a uma quebra 0,5% na economia finlandesa.

Por isso, e ainda antes de sentir o efeito das sanções, Alexander Stubb avisa já Angela Merkel e Jean Claude Juncker que o seu país irá exigir compensações pela previsível quebra económica. Apoiante das sanções à Rússia e da entrada da Finlândia na NATO, o primeiro-ministro diz não ter dúvidas que “se as sanções atingirem de forma desproporcionada um determinado país, isso terá de ser compensado”. E em seguida concretizou: “É evidente que se as sanções atingirem a Finlândia de forma desproporcional, iremos procurar ajuda dos nossos parceiros europeus”.
Putin procura alternativas na escalada da guerra comercial
"A agência de segurança alimentar russa anunciou para esta quinta-feira reuniões com os embaixadores do Brasil, Chile, Argentina e Equador para discutir “uma eventual subida das encomendas de produtos alimentares provenientes desses países para o mercado russo”.
Esta quarta-feira, o presidente russo decretou a “proibição ou limitação por um ano” de produtos agroalimentares provenientes dos países que decretaram sanções a Moscovo. A decisão foi antecedida de uma limitação das importações de carne com argumentos sanitários, invocando casos de doenças de animais na Roménia, Itália, Grécia e Bulgária. Também as frutas e legumes da Polónia tinham sofrido um embargo por parte da Rússia, alegando “violações repetidas” das normas sobre certificados.
Segundo a agência France Presse, a agência de segurança alimentar russa anunciou para esta quinta-feira reuniões com os embaixadores do Brasil, Chile, Argentina e Equador para discutir “uma eventual subida das encomendas de produtos alimentares provenientes desses países para o mercado russo”.
Em Paris, o líder da Câmara de Comércio franco-russo estimou o impacto das sanções para as seis mil empresas exportadoras e as mais de mil empresas francesas a operar na Rússia. Emmanuel Quidet prevê que esse impacto seja generalizado e possa criar mais 150 mil desempregados em França.
Intensificam-se os combates no Leste da Ucrânia e a guerra de palavras entre a NATO e Moscovo
As sanções à Rússia foram decididas após a anexação da Crimeia e mais recentemente, após a queda do avião da Malasya Airlines na Ucrânia, com 298 pessoas a bordo, que a NATO atribui aos rebeldes que combatem o exército de Kiev no leste do país.
Nos últimos dias os combates ganharam intensidade e a NATO voltou a repetir esta quarta-feira que a Rússia tem vinte mil soldados prontos a combater junto à fronteira com a Ucrânia. Uma porta-voz da NATO disse à agência Reuters que Moscovo pode usar "o pretexto de uma missão humanitária ou de manutenção de paz como desculpa para mandar tropas para o Leste da Ucrânia".
Confrontado com estas declarações, um porta-voz do ministério da Defesa russo refutou as acusações, dizendo que "já estamos a ouvir a mesma conversa desde há três meses".
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