Dilma escapa, mas sem brilho, do “RH” presidencial da Globo

Autor: Fernando Brito
dilmajn
No meu tempo, quando fumar era comum, ” o teste do cinzeiro”.
Consistia, essencialmente, em convidar  o entrevistado a fumar e não lhe oferecer o cinzeiro.
Ficava o pobre coitado, inseguro sem saber que diabos faria com a cinza.
Intimidação.
Era isso o que se desejava saber sobre o candidato ao emprego: se era capaz de enfrentar a ” autoridade” do entrevistador ou se , pusilânime, temia o poder.
As entrevistas do Jornal Nacional- Aécio Neves , e depois ao finado Eduardo Campos tiveram um clima inequívoco de ” quem manda aqui sou eu” de parte de William Bonner  e de Patricia Poeta ( será mesmo esse o sobrenome dela ?)

Mais que o conteúdo das respostas de Dilma, a quem faltaram olhos vidrados  e convicção na voz, embora não tenha havido convicção, tiveram um mérito.
Não ficou, como aqueles entrevistados das técnicas de RH, sem saber o que fazer diante da ” otoridade” incontestável.
Não concedeu, como era seu dever fazer como Presidenta da República, o mando inconteste do que deveria ser dito aos entrevistadores da Globo.
Qualquer jornalista que tenha passado da fase de estagiária sabe que o entrevistado só dirá algo de inédito ,  de original, se o entrevistador for capaz de estabelecer um clima  de cumplicidade amena com aquele que é inquirido.
Do contrário, arriscasse a levar um fora. Lembro me de um antológico dado por Jânio Quadros a um jornalista do velho programa ” Pinga Fogo ” da TV Tupi.
A uma pergunta incoveniente do Jornalista , o matreiro e performático Jânio respondeu:
Sr Almir. nota que estou lhe tratando de sr Almir, tal a hostilidade que sua pergunta se entrepos entre nos.
Dai em diante, pouco importou o conteúdo da resposta de Jânio. Era irrelevante, diante da recusa inicial da legitimidade do que era perguntado.
Dilma, por seu temperamento, não chegou  a esta desqualificação do delegado Bonner de a investigadora Poeta.
Aliás, os dois , uma semana depois de terem criticado o nepotismo de Eduardo Campos e depois , exaltado em rede nacional a opinião da mãe da mulher , dos filhos do irmão e parentes e aderentes, estavam visivelmente de bola baixa”.
Dilma estava cumprindo o que parece ser seu objetivo nesta campanha: não perder.
Isso é necessário , mas não é bom. Outro mandato sem transmitir a população o confronto necessário entre a proposta de um País preso à politicagem, ao jogo parlamentar e à(discussão paralítica (e paralisante )  é muito pouco para uma nação que precisa se afirmar e erguer lucidamente , a sua cabeça.
De qualquer forma a dignidade é o pressuposto da capacidade.
Esta dignidade, Dilma mostrou.
Seus adversários, até agor,a simplesmente prestaram contas aos prepostos dos donos da “barraquinha”, Bonner e Patricia.
Aceitaram a lógica , nem tão irreal, de que a Globo é dona do Brasil .
Dilma segue carregando o andor, sem trancos, mas também sem arroubos.
Pode ser bom, no momento. Mas é pouco para vencer.

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