Cenário mundial prejudica crescimento da América Latina em 2014

As economias da América Latina e do Caribe terão um crescimento médio de 2,2% em 2014. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) apresentou nesta segunda-feira (4) o “Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2014”, atualizando suas estimativas para os países da região. 


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O relatório foi divulgado em Santiago (Chile) por Alicia Bárcena (foto), secretária-executiva da Cepal,O relatório foi divulgado em Santiago (Chile) por Alicia Bárcena (foto), secretária-executiva da Cepal,
Segundo o relatório, divulgado em Santiago (Chile) por Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, o organismo prevê heterogeneidade no crescimento dos países da América Latina e Caribe, por conta da diferença na evolução dos principais sócios comerciais tanto regionais, quanto mundiais. Fatores específicos das economias nacionais também influem nesta disparidade.

A fraca demanda externa, a baixa demanda interna, a falta de investimento e o espaço limitado para a implementação de políticas que promovam sua reativação são as principais causas apontadas pelo estudo para justificar a diminuição da porcentagem de crescimento regional neste ano (em comparação com 2013, quando alcançou a taxa de 2,5%).



Contudo, devido a uma melhoria gradual em algumas das principais economias do mundo, as economias regionais podem ter uma recuperação no final de 2014.

"As políticas macroeconômicas precisam levar em conta as vulnerabilidades específicas dos países. Certamente, em todos os casos, é importante aumentar o investimento e a produtividade para garantir uma mudança estrutural com igualdade a médio prazo. Ambos os determinantes são os principais desafios sustentabilidade econômica do desenvolvimento, especialmente no contexto atual", afirmou Alicia, ao apresentar o documento.

O estudo assinala que diante do novo cenário, as políticas macroeconômicas para o manejo do ciclo econômico e, aquelas destinadas a impulsionar o crescimento de longo prazo, devem estar intimamente ligadas.

“A política macroeconômica deve reorientar-se, buscando criar as condições para o crescimento sustentado e o aumento da produtividade. Para isso, é necessário propiciar um aumento do investimento (publico e privado) em infraestrutura e inovação e fomentar a diversificação produtiva”, diz a Cepal.

Panamá, Bolívia e Colômbia encabeçam o crescimento na América Latina

Na região, o crescimento em 2014 será encabeçado pelo Panamá, com uma elevação em seu Produto Interno Bruto (PIB) de 6,7%. Em seguida, a Bolívia (5,5%), a Colômbia, a República Dominicana, o Equador e a Nicarágua, com expansões de 5%. Na Argentina, o PIB crescerá apenas 0,2% e na Venezuela haverá retração de 0,5%.

Ainda de acordo com a Cepal, a estimativa é de que a economia da América Central tenha um crescimento de 4,4%, enquanto na América do Sul deve haver uma expansão de 1,8%. Por sua vez, o Caribe crescerá cerca de 2%, segundo as projeções.

Crescimento global moderado

O contexto externo é menos favorável do que na década anterior. Apesar de o crescimento mundial ser levemente maior que nos dois anos anteriores, segue sendo menor em comparação à década de 2000. Esta avaliação é o que ditará o ritmo de 2014 na América Latina e no Caribe.

Para a Cepal, a retomada do crescimento econômico dos Estados Unidos beneficiará o México e os países da América Central, enquanto a recuperação do Reino Unido e de várias economias da zona do euro terá um impacto positivo, em especial no Caribe, devido ao maior fluxo de turistas.

O menor crescimento da China (um dos maiores investidores da região) previsto para 2014 é o principal risco, ressalta o relatório. As economias latino-americanas e caribenhas mais especializadas na exportação de matérias-primas destinadas a esse país poderão ser afetadas se a economia chinesa não conseguir manter seu crescimento acima de 7%.

“A região enfrenta um novo cenário internacional que, por diversas razões, será menos favorável para sustentar as taxas de crescimento elevadas do que foram os primeiros anos do século 21, antes da crise financeira que golpeou a economia mundial no final da década passada e início da atual (com seu epicentro inicialmente nos Estados Unidos e depois na zona do euro). Ainda que o pior da crise tenha ficado para trás e que haja uma menor probabilidade de eventos sistêmicos, se produziram mudanças na economia mundial, que podem ter efeitos duradouros e que apontam para um menor crescimento nos próximos anos”, afirma o relatório.

Brasil

O Brasil deve crescer 1,4%, uma queda em relação aos 2,5% do ano passado. Há uma queda da estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Ainda de acordo com o documento, este resultado é um reflexo da situação econômica da região. O Brasil seguirá crescendo, mas de maneira menos acelerada.

O relatório acrescenta que no médio prazo espera-se que a região enfrente uma demanda menos dinâmica de seus principais bens de exportação e um encarecimento do financiamento externo.

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações da Cepal

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