Agenda internacional da semana de 3 a 10 de agosto de 2014


Flávio Aguiar, de Berlim

Gaza
A semana continuará a ser dominada pelos acontecimentos em Gaza. Israel
anuncia que sua missão está “quase completa”. Resta saber qual é a missão.
Supostamente, a de destruir ou prejudicar o máximo possível as instalações
subterrâneas do Hamas em Gaza, além de matar o máximo de militantes do braço
armado da organização. Mas ao lado destes, não se pode deixar de considerar o
objetivo – implícito ou explícito – de arrasar a infraestrutura civil de Gaza. Além
dos milhares de civis mortos – em grande número, mulheres e crianças -, o
bombardeio de três escolas/refúgios da ONU, a destruição de um terço dos
hospitais da Faixa e de 29 ambulâncias, e o estrangulamento do processo de paz.
As informações (na mídia do Ocidente) sobre o estado interno de Israel são
igualmente horripilantes: perseguição/hostilização a quem se oponha à guerra, até
com ameaças de perda de emprego, ameaças de agressão física, coisas, enfim,
que no passado foram impostas à população judaica em escala mundial. O
significado simbólico destes gestos ainda está para ser decifrado no futuro.

O feitiço contra o feiticeiro
A revista alemã Der Spiegel anuncia ter informes seguros de que os telefonemas
do Secretário de Estado John Kerry, dos EUA, foram grampeados pelo Serviço
Secreto israelense, durante as negociações de paz sobre a Palestina no ano
passado. Sem comentários.
Ucrânia
O governo de Kiev anuncia o fechamento do cerco a Donetsk, bastião e capital
extra-oficial dos rebeldes. Estes, por seu lado, anunciam a transferência de
quadros para a região afim de formar “um governo duradouro e estável”. A Rússia
realiza manobras na fronteira, com a participação de 100 aviões de combate.
Estados Unidos e União Europeia apertam sanções contra Moscou. Analistas
apontam o estrangulamento de iniciativas importantes, como um acordo para
permitir visitas mútuas entre EUA e Rússia de cientistas de ambos os países a
instalações nucleares, com o objetivo de diminuir o arsenal atômico.
Ebola
O número de mortos graças ao surto do vírus ebola na África Ocidental sobe a 826.
Crescem as medidas de segurança nos aeroportos do mundo inteiro.
China
Terremoto de 6,1 graus na escala Richter, na província de Iunnam, no sudoeste dio
país, deixa 398 mortos, 1800 feridos e destrói milhares de casas, sobretudo na
cidade de Zhaotong. Equipes médicas acorrem ao local.
Líbia
Guerra civil entre governo e partidários da Irmandade Muçulmama de um lado e
“grupos nacionalistas”(embora entre eles haja ex-agentes da CIA) do outro se
intensifica. Luta se concentra no aeroporto da capital, Tripoli, e na cidade de
Benghazi. Potências Ocidentais não sabem o que fazer.
Iraque
Grupo Isis retoma a ofensiva, ocupando três cidades curdas no nordeste do país.
100 anos da Primeira Guerra Mundial
Embora as hostilidades militares tenham começado entre 28 e 29 de julho, no
leste da Europa, depois do assassinato do arquiduque Franz Ferdinand da Áustria e
de sua esposa em Sarajevo, em 28 de junho, a data de 4 de agosto é tida por
muitos historiadores como a do começo oficial do conflito. Neste dia tropas alemãs
invadiram a Bélgica, fuzilando civis e destruindo a biblioteca milenar de Louvain.
Em consequência, a Inglaterra declarou guerra à Alemanha, começando a
generalização internacional do enfrentamento. 9 milhões de militares morreram
atér o seu final, em novembro de 1918. Quatro impérios desapareceram. A Liga das
Nações foi fundada, o que não impediu a eclosão de novo conflito mundial, duas

décadas depois.

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