A hipocrisia de Faustão ao falar do Criança Esperança

Faustão
Faustão

Faustão é um fanfarrão. Com todo o respeito.
No último domingo, ele fez a propaganda de uma das ações mais cínicas da Globo, o Criança Esperança, o triunfo do filantropismo farisaico e oportunista.
Já escrevi uma vez e repito: muito melhor que fazer coisas como o Criança Esperança é a Globo, simplesmente, pagar os impostos que sonega.
Faustão promoveu o Criança Esperança com argumentos tão nocivos quanto o próprio programa.
“Você que paga imposto e sabe onde esse dinheiro vai parar, aqui é diferente”, disse ele. “É tudo transparente.”

Ele estava afirmando que político é tudo ladrão, ou pelo menos os deste governo.
É uma pregação que faz um enorme mal ao Brasil. Gera descrédito no país e golpeia a auto-estima dos brasileiros.
Em sua falação desenfreada, Fausto Silva mostrou — ou fingiu — ignorar os bilionários pecados de sua empresa no capítulo do pagamento dos impostos devidos.
Ou foi má fé cínica ou miopia córnea, para usar a célebre expressão de Eça.
O mais patético é que Fausto Silva, como um pastor evangélico, se dirige aos brasileiros mais simples e mais vulneráveis à manipulação que lhes tira dinheiro do bolso.
O Criança Esperança é uma beleza — para a Globo. Ela se faz de generosa, não paga cachê aos artistas que participam e ainda arrecada dinheiro com a publicidade que vende no programa.
A beneficência é apenas dos telespectadores que doam seus parcos recursos.
O Brasil será um país melhor quando a Globo simplesmente pagar os impostos que deveria pagar.
O resto, a começar pelo Criança Esperança, é blablablá hipócrita.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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