"Tudo que é vivo morre", dizia Ariano, que viverá para sempre
Ariano adiou o quanto pode. Até que hoje (23), aos 87 anos, foi ter com a moça Caetana, nome pelo qual, cumprindo tradição do sertão da Paraíba e de Pernambuco, preferia se referir à morte.
De tanto amar a vida, Ariano Suassuna odiava a morte. O jeito que encontrou de enganá-la foi viver para sempre. Para isso, encarnou-se em personagens eternos, como João Grilo e Chicó, de O Auto da Compadecida, e Quaderna, de A Pedra do Reino.
Romancista, poeta, dramaturgo, defensor ferrenho da cultura brasileira, sobretudo nordestina, Ariano foi a vida inteira um erudito que amou o popular. Entendeu e cantou como poucos o sofrimento, a religiosidade, a matreirice, a esperteza ingênua do povo sertanejo.
Capaz de fazer rir mesmo quando se fingia de sério, Ariano queria mesmo era ser palhaço. E quem viu suas aulas-espetáculo, ao vivo ou no youtube, sabe que ele conseguiu.
Mas que ninguém ousasse -- e não ouse agora -- dizer que Ariano foi um "showman", porque essas estrangeirices nunca couberam no seu idioma preferido, aquele que o tornou imortal: o português.
Que Caetana, pois, não caia na besteira.
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