Terremoto na Alemanha
O governo alemão decidiu expulsar o chefe do serviço secreto norte-americano do país. O referido é agente da CIA e estava lotado na Embaixada.
Flávio Aguiar
Berlim - Não, não são ainda os preparativos para a possível (e esperada) comemoração da quarta conquista da Copa do Mundo (falta ainda, é claro, “combinar com os argentinos”, como diria o Mané Garrincha).
Trata-se de que o governo alemão decidiu expulsar o chefe do serviço secreto norte-americano do país. O referido é agente da CIA e estava lotado na Embaixada há cerca de um ano. Provavelmente está pagando o pato pelas artes praticadas pelo seu antecessor.
O motivo imediato da medida foi a descoberta de um agente duplo no Bundesnachrichtendienst (que seria o equivalente ao nosso antigo Serviço Nacional de Informações, encarregado da espionagem internacional) que passava informações para os norte-americanos, seguida da descoberta de um outro agente, desta vez um funcionário do Ministério da Defesa, que faria parte do esquema.
O primeiro agente é acusado de passar 218 documentos do BND para os norte-americanos em troca de 25 mil euros. Entre estes haveria documentos sobre a investigação que vem sendo conduzida por uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Bundestag sobre as denúncias de Edward Snowden (que, diga-se de passagem, pediu que a Rússia prorrogue o prazo do seu asilo, que termina em agosto). Ambos os agentes duplos teriam sido recrutados pelo antecessor do atual agente da CIA na Embaixada.
Porém o presente caso, na verdade, foi uma espécie de gota d’água ‘num pote até aqui de mágoa’, para parafrasear Chico Buarque e Paulo Pontes. O governo alemão sente-se profundamente decepcionado pela falta de explicações convincentes de seus colegas norte-americanos sobre a espionagem dos serviços de inteligência dos EUA no país.
Além de ter seu próprio telefone grampeado, a chanceler Angela Merkel enfrentou a desfeita de ver negado o pedido para ter acesso a seu próprio dossiê na National Security Agency. Tudo o que a chanceler conseguiu foi a promessa de que o seu telefone não seria mais grampeado.
Ademais a Alemanha sempre desejou ser incluída no chamado “Grupo dos Cinco Olhos”, formado por Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, que têm seus serviços secretos integrados quanto à troca de informações. O pedido foi relembrado na sequência das denúncias de Edward Snowden, para ser novamente rejeitado, com o argumento de que se ele fosse atendido, outros países se sentiriam no direito de também pleitear a inclusão.
Na verdade todo este imbróglio mostra apenas a posição subalterna que a Alemanha tem no sistema de logísitica militar e de informação, basicamente, dos Estados Unidos, que é o país que literalmente manda no Grupo dos Cinco Olhos. E a situação só piorou para a auto-estima germânica com a descoberta de que seus agentes estavam desfrutando das primícias e benesses do serviço secreto dos Estados Unidos.
Berlim - Não, não são ainda os preparativos para a possível (e esperada) comemoração da quarta conquista da Copa do Mundo (falta ainda, é claro, “combinar com os argentinos”, como diria o Mané Garrincha).
Trata-se de que o governo alemão decidiu expulsar o chefe do serviço secreto norte-americano do país. O referido é agente da CIA e estava lotado na Embaixada há cerca de um ano. Provavelmente está pagando o pato pelas artes praticadas pelo seu antecessor.
O motivo imediato da medida foi a descoberta de um agente duplo no Bundesnachrichtendienst (que seria o equivalente ao nosso antigo Serviço Nacional de Informações, encarregado da espionagem internacional) que passava informações para os norte-americanos, seguida da descoberta de um outro agente, desta vez um funcionário do Ministério da Defesa, que faria parte do esquema.
O primeiro agente é acusado de passar 218 documentos do BND para os norte-americanos em troca de 25 mil euros. Entre estes haveria documentos sobre a investigação que vem sendo conduzida por uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Bundestag sobre as denúncias de Edward Snowden (que, diga-se de passagem, pediu que a Rússia prorrogue o prazo do seu asilo, que termina em agosto). Ambos os agentes duplos teriam sido recrutados pelo antecessor do atual agente da CIA na Embaixada.
Porém o presente caso, na verdade, foi uma espécie de gota d’água ‘num pote até aqui de mágoa’, para parafrasear Chico Buarque e Paulo Pontes. O governo alemão sente-se profundamente decepcionado pela falta de explicações convincentes de seus colegas norte-americanos sobre a espionagem dos serviços de inteligência dos EUA no país.
Além de ter seu próprio telefone grampeado, a chanceler Angela Merkel enfrentou a desfeita de ver negado o pedido para ter acesso a seu próprio dossiê na National Security Agency. Tudo o que a chanceler conseguiu foi a promessa de que o seu telefone não seria mais grampeado.
Ademais a Alemanha sempre desejou ser incluída no chamado “Grupo dos Cinco Olhos”, formado por Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, que têm seus serviços secretos integrados quanto à troca de informações. O pedido foi relembrado na sequência das denúncias de Edward Snowden, para ser novamente rejeitado, com o argumento de que se ele fosse atendido, outros países se sentiriam no direito de também pleitear a inclusão.
Na verdade todo este imbróglio mostra apenas a posição subalterna que a Alemanha tem no sistema de logísitica militar e de informação, basicamente, dos Estados Unidos, que é o país que literalmente manda no Grupo dos Cinco Olhos. E a situação só piorou para a auto-estima germânica com a descoberta de que seus agentes estavam desfrutando das primícias e benesses do serviço secreto dos Estados Unidos.
Créditos da foto: Deutsche Welle
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