Termina o “volume útil” do Cantareira. E a morte do “volume morto” está próxima

Autor: Fernando Brito
cantar0707
Em meados de junho, o professor Antônio Carlos Zuffo, da Unicamp, afirmou que o “volume útil” do Sistema Cantareira – a água não dependente do bombeamento – se esgotaria entre os dias 7 e 8 deste mês.
Não vai terminar hoje, dia 7.
Termina nas primeiras horas de amanhã, dia 8.
Ontem a gente publicou que entraram 125 milhões de litros no sistema e saíram 2 bilhões, anteontem.

24 horas depois, neste domingo, entrou menos água  ainda: 99 milhões de litros (1,15m³/s)
E saíram, de novo, 2 bilhões de litros (23,21 m³/3).
Para entender melhor, é como se São Paulo precisasse de 800 piscinas olímpicas para seu abastecimento – mesmo com toda a redução e sendo um domingo, quando não há consumo industrial – e estivessem chegando, pelos rios, apenas o suficiente para encher 39 delas.
O que restará, amanhã, é o saldo equivalente aos planos de bombear perto de 183 bilhões de litros do fundo das represas, nada mais, mesmo com a garoa que se prevê hoje para a região.
Com um déficit de quase 2 bilhões de litros diários , uma simples conta de dividir dá para saber que são menos de 100 dias, na situação atual.
Contra 90 dias até a eleição, porque esta é a conta monstruosa que está sendo feita pelo Governo de São Paulo e pelos dirigentes da Sabesp.
A água de São Paulo é igual ao “um real = um dólar” da reeleição de Fernando Henrique, com a diferença que qualquer um pode ir lá com uma vareta e medir a profundidade dos reservatórios, embora pareça que falte uma vareta aos jornais paulistas.
Dramaticamente, a população de São Paulo terá de ser informada pelo horário eleitoral, quando vai ver seus principais reservatórios de água secos, reduzido a poças e canais em meio à lama rachada.
Porque a imprensa, tão catastrofista com o “apagão elétrico” que não virá (ontem, os reservatórios das hidrelétricas, em nível nacional, tinha 42,8% de sua capacidade preenchida), e mais do que discreta com seus prognósticos sobre o “secadão” paulista e foge do termo “racionamento” como o diabo da cruz, embora seja a única coisa responsável a fazer, a esta altura.
Já não tem mais sentido falar em percentagens de volume de água.
Agora a conta é litro a litro, porque ninguém sabe – e muitos duvidam – das estimativas feitas pela Sabesp.
O canal onde estão as bombas de sucção do Jacareí, só de olhar, não tem os 4,5 metros (3,5 de água utilizável e mais um para a operação das bombas) de profundidade  que a empresa coloca em suas contas. Assim como só falta um metro para que o reservatório irmão do Jaguari perca a comunicação com o Jacareí, pela altura do fundo do canal que os liga, que é de rocha e concreto e não pode ser aprofundado, como fazem, desesperadamente, as dragas abrindo ligações com as poças que estão se formando.

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