Santander pediu desculpas. E o mea culpa da mídia, quando virá?


O banco Santander pediu, hoje (25), desculpas a seus clientes após ter enviado um comunicadoem que vinculava a subida de Dilma nas pesquisas eleitorais a um cenário catastrófico na economia. O texto sem embasamento técnico foicriticado e o banco acabou por divulgar uma nota afirmando que o comunicado enviado “não reflete, de forma alguma, o posicionamento da instituição” e em um mea culpa afirma ter “convicção de que a economia brasileira seguirá sua bem-sucedida trajetória de desenvolvimento", pedindo desculpas a seus correntistas.

Até o início da tarde, as matérias que encontrávamos na internet disseminavam ainda o clima de terrorismo: a Folha de S. Paulo(link is external) mantinha a manchete “Sucesso de Dilma deteriora economia, diz Santander a clientes” , no UOL(link is external): "Sucesso de Dilma deteriora economia, diz Santander a clientes ricos", no G1(link is external): "Santander diz em nota a clientes que reeleição de Dilma pioraria economia". Apesar de as manchetes ainda tratarem da nota inicial do Santander, as notícias também abordavam os  pedidos de desculpas pelo teor da nota inicial.
Nós, do Muda Mais, adotamos uma outra prática: informamos sobre o comunicado aos clientes emuma matéria, depois informamos sobre o pedido de desculpas em outra, sempre com a manchete condizente com o assunto tratado no texto. Vale notar que alguns grandes portais, como o site R7(link is external) e a  Exame(link is external) fizeram o mesmo, mas essa não foi a prática mais comum.
Não nos surpreende o viés da imprensa hegemônica no Brasil, que costuma defender um projeto de sociedade, escancarar suas intenções em editoriais e pautar as matérias na defesa de seus ideais, sempre sob um pretexto manto de neutralidade e objetividade. O tom dado para os assuntos econômicos tem sido o mesmo do comunicado enviado aos clientes do Santander, mesmo com muitas de suas prospecções se confirmando absolutamente equivocadas.
A maior parte das informações que recebemos atualmente vem da mídia tradicional. Ainda que o governo tenha criado condições para que o cidadão tenha o máximo de acesso e controle sobre os dados públicos, com mecanismos como a Lei de Acesso à Informação e o Portal da Transparência, ainda não são todos que utilizam esses recursos. Enquanto isso, os jornais e revistas continuam estampando manchetes que focam em aspectos negativos, mesmo quando estes têm menor peso no cenário real, além de induzirem seus leitores a conclusões errôneas.
O Santander reconheceu que, na orientação a seus clientes sobre investimentos, um banco deve ser técnico. Quando a mídia reconhecerá seu dever de isenção e transparência diante dos fatos e fará seu mea culpa diante de todos os textos com viés político que vem publicando?

Comentários