“Nova seleção”: Marin coloca raposa para cuidar da granja



Por Ricardo Kotsho

Começa muito mal a anunciada "reformulação" do futebol brasileiro. Não poderia ter sido pior a escolha do novo coordenador geral da seleção brasileira anunciada nesta quinta-feira pela CBF. A impagável dupla José Maria Marin e Marco Polo Del Nero indicou para o cargo o ex-goleiro Gilmar Rinaldi, atualmente empresário de jogadores de futebol.
Quer dizer, chega de intermediários: colocaram logo uma raposa para tomar conta do galinheiro, ou seja, da cidade cenográfica da Granja Comary, onde o Brasil deveria ter se preparado para a Copa do Mundo, sob o comando de Felipão e Parreira, que já foram demitidos.

Campeão brasileiro como jogador do São Paulo, Flamengo e Internacional, e segundo reserva da seleção brasileira na Copa de 1994, na única experiência anterior em função semelhante àquela que agora vai ocupar o novo dono da bola foi superintendente de futebol do Flamengo, em 1999, o que não recomenda muito seu currículo, pois o clube carioca vive em crise e acaba de assumir a lanterninha do Brasileirão.
Logo depois, Gilmar Rinaldi virou agente de jogadores de futebol, uma daquelas figuras que ficam borboleteando em torno dos clubes e da CBF, sempre em busca de um bom negócio. Já na época de jogador era conhecido por seu bom relacionamento com dirigentes e jornalistas. Como empresário, cuidou, por exemplo, do polêmico atacante Adriano, que teve um triste final de carreira. No momento, gerenciava as carreiras dos corintianos Danilo e Fábio Santos, além de Fábio Simplício, que joga no exterior, mas agora garante que vai se dedicar só à seleção brasileira.
"Minha atividade como agente Fifa, que exerci por 14 anos, agora está extinta oficialmente, não existe mais", foi logo anunciando, antes de ser perguntado, com a facilidade de quem troca de camisa. Por suas primeiras palavras pode-se ter uma ideia do que nos espera: "Agradeço muito ao presidente Marin, ao Marco Polo. Me sinto em casa. Sei dos ajustes que precisamos fazer e espero fazer o melhor para corresponder à expectativa".
Com um discurso que mistura papo de boleiro com político provinciano, é este o homem que encontraram para formar e comandar a nova comissão técnica da seleção brasileira. E Rinaldi já tomou sua primeira decisão: não quer saber de treinador estrangeiro.
Pobre futebol brasileiro, agora relegado a sobreviver das glórias do passado, enquanto os cartolas herdeiros da dinastia João Havelange-Ricardo Teixeira se eternizam no poder.

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