É a mídia, Dilma, é a mídia
Uma politica de comunicações desastrosa por parte do governo é responsável por esse clima
que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular.
Por Emir Sader
Qualquer comparação minimamente objetiva dos governos tucanos e petistas –
dos candidatos que representam a um e a outro - permitiriam prever uma vitória
eleitoral ainda mais fácil do governo neste ano. Ninguem duvida dos resultados
dessa comparação, ainda mais que o candidato tucano reivindica a mesma equipe
econômica de FHC e seu gurú econômico repete os mesmos dogmas que levaram
os tucanos a nunca mais ganharem eleição nacional no Brasil depois que essa
equipe governou o pais. Enquanto a candidata do governo representa a
continuidade do projeto que transformou positivamente o Brasil desde 2003 e seu
aprofundamento.
No entanto, as pesquisas e o clima político e econômico mostram um cenário um
pouco diferente. Somente o nível de rejeição que as pesquisas – maquiadas ou não
– da Dilma e do governo – o dobro da rejeição de Aecio, segundo as pesquisas – já
revela que outros fatores contam para entender as opiniões das pessoas.
Para um tecnocrata, para uma visão economicista ou positivista da realidade, a
consciência é produto direto da realidade objetiva. Basta transformar a esta, que
as pessoas se darão conta das mudanças e do seu significado. Não levam em
conta o papel fundamental da intermediação que exercem os meios de
comunicação. A realidade concreta chega às pessoas através das representações
dessa realidade, processo em que a mídia exerce um papel determinante. Essa
visão ingênua não entende o que é a ideologia e como a fabricação dos consensos
pela mídia monopolista atua.
A mídia conseguiu fabricar consensos como os de que a Dilma seria uma presidente
incompetente, o governo seria corrupto, a política econômica fundamentalmente
equivocada e a Petrobrás um problema, a inflação descontrolada, a economia
estagnada e sem possibilidade de voltar a crescer. Por mais que se possa,
racionalmente, desmentir cada uma dessas afirmações, são elas que permeiam os
meios de comunicação e formam parte da opinião pública, contaminada pelo
terrorismo em que aposta a oposição politica e seu partido – a mídia.
Uma política de comunicações desastrosa por parte do governo é responsável por
esse clima, que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular
que o povo escolheu como seu em três eleições presidenciais. O governo ficou
inerte diante da criação desse clima e o que poderia dizer ficou neutralizado porque
o governo não avançou em nada na democratização dos meios de comunicação. É
uma atitude grave, porque alimenta uma oposição derrotada, que se apoia no
monopólio privado dos meios de comunicação para desgastar o governo, sem que
este reaja.
É equivocada a alternativa entre uma imprensa barulhenta – que diga o que bem
entenda – ou uma mídia calada. Esta era a alternativa durante a ditadura. Na
democracia a alternativa é entre uma mídia monopolista, que só propaga a voz dos
seus donos ou mídia democrática, pluralista. Ao não avançar na democratização
dos processos de formação da opinião publica, o governo colocar em risco todos os
avanços acumulados desde 2003.
Não por acaso os votos duros de apoio do governo – os mais pobres, os do
nordeste – são os menos afetados pela influência da mídia, são aqueles
influenciados assim diretamente pelos efeitos das políticas sociais do governo. E
os setores de classe média das grandes cidades são os mais afetados.
O Brasil não será um país democrático, por mais que avancemos na diminuição das
desigualdades sociais, se somente uma ínfima minoria pode influenciar sobre a
opinião dos outros, impor os temas que lhes pareçam do seu interesse como
agenda nacional, difundam o tempo todo suas opiniões. Não será democrático
enquanto as pessoas possam ter acessos a bens indispensáveis, mas não possam
dizer a todos os outros o que pensam.
Senão seria perpetuar a divisão entre os que trabalham, produzem, vivem no limite
das suas necessidades, por um lado, enquanto por outro lado estão os que, pelo
poder do dinheiro, podem ocupar os espaços de formação de opinião pública,
podem influenciar os outros, impunemente.
A razão pela qual um governo que promove os direitos da grande maioria da
população, até aqui excluída, tem tantas dificuldades para traduzir esses avanços
numa clara maioria politica, é a mídia, é a mídia.
que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular.
Por Emir Sader
Qualquer comparação minimamente objetiva dos governos tucanos e petistas –
dos candidatos que representam a um e a outro - permitiriam prever uma vitória
eleitoral ainda mais fácil do governo neste ano. Ninguem duvida dos resultados
dessa comparação, ainda mais que o candidato tucano reivindica a mesma equipe
econômica de FHC e seu gurú econômico repete os mesmos dogmas que levaram
os tucanos a nunca mais ganharem eleição nacional no Brasil depois que essa
equipe governou o pais. Enquanto a candidata do governo representa a
continuidade do projeto que transformou positivamente o Brasil desde 2003 e seu
aprofundamento.
No entanto, as pesquisas e o clima político e econômico mostram um cenário um
pouco diferente. Somente o nível de rejeição que as pesquisas – maquiadas ou não
– da Dilma e do governo – o dobro da rejeição de Aecio, segundo as pesquisas – já
revela que outros fatores contam para entender as opiniões das pessoas.
Para um tecnocrata, para uma visão economicista ou positivista da realidade, a
consciência é produto direto da realidade objetiva. Basta transformar a esta, que
as pessoas se darão conta das mudanças e do seu significado. Não levam em
conta o papel fundamental da intermediação que exercem os meios de
comunicação. A realidade concreta chega às pessoas através das representações
dessa realidade, processo em que a mídia exerce um papel determinante. Essa
visão ingênua não entende o que é a ideologia e como a fabricação dos consensos
pela mídia monopolista atua.
A mídia conseguiu fabricar consensos como os de que a Dilma seria uma presidente
incompetente, o governo seria corrupto, a política econômica fundamentalmente
equivocada e a Petrobrás um problema, a inflação descontrolada, a economia
estagnada e sem possibilidade de voltar a crescer. Por mais que se possa,
racionalmente, desmentir cada uma dessas afirmações, são elas que permeiam os
meios de comunicação e formam parte da opinião pública, contaminada pelo
terrorismo em que aposta a oposição politica e seu partido – a mídia.
Uma política de comunicações desastrosa por parte do governo é responsável por
esse clima, que coloca em risco a continuidade do projeto democrático e popular
que o povo escolheu como seu em três eleições presidenciais. O governo ficou
inerte diante da criação desse clima e o que poderia dizer ficou neutralizado porque
o governo não avançou em nada na democratização dos meios de comunicação. É
uma atitude grave, porque alimenta uma oposição derrotada, que se apoia no
monopólio privado dos meios de comunicação para desgastar o governo, sem que
este reaja.
É equivocada a alternativa entre uma imprensa barulhenta – que diga o que bem
entenda – ou uma mídia calada. Esta era a alternativa durante a ditadura. Na
democracia a alternativa é entre uma mídia monopolista, que só propaga a voz dos
seus donos ou mídia democrática, pluralista. Ao não avançar na democratização
dos processos de formação da opinião publica, o governo colocar em risco todos os
avanços acumulados desde 2003.
Não por acaso os votos duros de apoio do governo – os mais pobres, os do
nordeste – são os menos afetados pela influência da mídia, são aqueles
influenciados assim diretamente pelos efeitos das políticas sociais do governo. E
os setores de classe média das grandes cidades são os mais afetados.
O Brasil não será um país democrático, por mais que avancemos na diminuição das
desigualdades sociais, se somente uma ínfima minoria pode influenciar sobre a
opinião dos outros, impor os temas que lhes pareçam do seu interesse como
agenda nacional, difundam o tempo todo suas opiniões. Não será democrático
enquanto as pessoas possam ter acessos a bens indispensáveis, mas não possam
dizer a todos os outros o que pensam.
Senão seria perpetuar a divisão entre os que trabalham, produzem, vivem no limite
das suas necessidades, por um lado, enquanto por outro lado estão os que, pelo
poder do dinheiro, podem ocupar os espaços de formação de opinião pública,
podem influenciar os outros, impunemente.
A razão pela qual um governo que promove os direitos da grande maioria da
população, até aqui excluída, tem tantas dificuldades para traduzir esses avanços
numa clara maioria politica, é a mídia, é a mídia.
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