Combate à corrupção para quem tem menos de 25 anos



Se você tem menos de 25 anos, talvez não saiba que nem sempre, no Brasil, qualquer caso de corrupção era minuciosamente investigado e que já tivemos  na Procuradoria Geral da República o cargo de engavetador geral. Brincadeiras à parte, assim ficou conhecido o procurador Geraldo Brindeiro, que chefiou a PGR nos 8 anos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Para se ter uma ideia, na época a imprensa tentou entender os motivos de Brindeiro ter recebido o apelido. “Dos 626 inquéritos que passaram pela mesa do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, desde 1995 até hoje, apenas 9,5% resultaram em denúncia contra os suspeitos”, destacava matéria da revista Veja sobre o tamanho da gaveta.... e os nomes da gaveta. Observe, nesse quadro, que quatro deles estavam relacionados ao presidente.

E sabe o que aconteceu? Nada. Simples assim. Os jornais resolveram tratar do tema quando, em junho de 2001, o procurador não encontrava um quadro muito favorável para a sua recondução ao cargo. Leia o trecho em destaque em que a Veja observava que a “opinião pública dá sinais de exaustão com a impunidade”.
Entre os inquéritos engavetados estava aquele que denunciava a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição. A questão nunca chegou ao Supremo Tribunal Federal, muito menos houve qualquer punição aos responsáveis. Em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, Fernando Rodrigues trouxe uma cronologia dos fatos e destacou os momentos da “operação abafa” (que não se  relaciona com a Polícia Federal, mas com as manobras utilizadas para “apagar” as denúncias).
Ficou fácil perceber como são diferentes os modos de agir no combate à corrupção entre PSDB e PT. Se antes, tudo era jogado para baixo do tapete e saboreado em pizza, nos governos de Lula e Dilma o que se viu foi o enfrentamento da questão, com os casos sendo levados para o Supremo Tribunal Federal para julgamento.
Além disso, Lula e Dilma apostaram em aumento do controle social, com uma transparência ativa. Também aparelharam a Polícia Federal, com liberdade para ação. O orçamento da PF saltou de R$ 1,5 bilhão em 2002, para R$ 4,7 bilhões em 2013. Em operações, saímos de 48 no período de oito ano de FHC, ou seja, uma média de seis operações por ano, para 2.200 nos últimos 12 anos. É como disse o ex-presidente Lula durante a plenária da CUT, em Guarulhos: o que está em jogo agora é saber qual caminho queremos para os próximos quatro anos, se “queremos subir mais um degrau ou retroceder".

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