Com derrota da seleção, economia volta a dar o tom do debate político

Para o cientista político Fabiano Guilherme dos Santos, após a derrota do Brasil na Copa do Mundo, o momento é de substituição de manchetes.

Najla Passos
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Brasília - Presidente da Associação Brasileira de Ciência Política e professor de Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Fabiano Guilherme dos Santos faz coro com os demais especialistas na área ao descartar a possibilidade do fracasso da seleção brasileira em campo influenciar os resultados das eleições de outubro.

“O povo não é bobo. O que contam são as expectativas para o país”, sintetiza.

Para ele, uma vitória da seleção brasileira até poderia favorecer o governo, se bem colada ao discurso da luta contra o pessimismo que estava imperando no país.



Mas, após a acachapante derrota em campo para a Alemanha, está convicto de que não há favorecidos. “Com a derrota, o debate político volta a ser mais racional”, afirma.

Racional, diga-se de passagem, no sentido de que a mídia convencional, que não é boba, irá focar no que, de fato, representa um “calcanhar de Aquiles” para o governo. O momento, segundo o cientista político, é de troca de manchetes: saem as profecias catastróficas sobre a organização do mundial ou as acusações de que a presidenta Dilma Rousseff estaria usando o sucesso do mundial para se promover e volta o massacre fundamentado nos resultados pífios da economia. “A Economia vai passar a dar o tom. E não podia ser diferente”, afirma.

Para ele, neste primeiro momento, a mídia convencional até pode associar ao governo o resultado ruim da Copa, mas certamente vai começar a mudar a tônica da sua oposição constante. “A imprensa vai deixar de falar da Copa para falar de coisas em que, de fato, o governo não conseguiu ir bem, como o desempenho econômico. Porque seja do ponto de vista da inflação, seja do ponto de vista do desenvolvimento, o governo não foi como dizia que ia. Não foi bem sucedido dentro das expectativas do próprio governo”, esclarece.

A reação, ainda segundo o especialista, virá com o início do horário eleitoral gratuito, que começa em 19 de agosto. Primeiro porque o governo dispõe de mais tempo do que os adversários. Segundo, porque na conjuntura atual, em que a mídia convencional advoga necessariamente posições contrárias as da situação, a propaganda massiva em rádio e TV se transforma em oportunidade única para o contraponto.

“Os argumentos do governo serão no sentido de mostrar a agenda positiva que foi feita ao longo de vários anos, comparando o Brasil de agora com o do período anterior aos governos petistas. Será a disputa política de fato e, nela, o governo tende a conseguir se recuperar”, analisa.
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