Chuva não parou agonia do Cantareira, agora quase só um lamaçal

Autor: Fernando Brito
lodacal
A chuva da última semana pode ter causado uma sensação de alívio aos paulistanos, assombrados pelo fantasma da falta de água.
Infelizmente, isso é falso.
Ontem, a vazão dos rios que abastecem o sistema Cantareira voltou aos níveis terríveis que vinha apresentando em julho: pouco mais de 2,5 m³ por segundo, o que não chega sequer para compensar os 3 m³/s que é necessário liberar para que os rios Capivari, Jundiaí e Piracicaba sequem completamente.
Além desta água, saíram mais 1,8 bilhão de litros para o abastecimento de São Paulo.
No total, o sistema perdeu 2, 06 bilhões de litros.

Restam armazenados 174 bilhões, incluídos aí o “volume morto” que se planeja bombear, que representaria 182 bilhões de litros.
Se é que haverá, pelo menos no principal reservatório, o Jaguari-Jacareí, esta quantidade disponível para bombeamento, porque, há um mês eram retirados 21 m³/s dali e há alguns dias este volume vem caindo rapidamente: de 16,8 m³/s no dia 12 para 11 m³/s, ontem.
Não se sabe se por problemas nas bombas, decisão operacional ou, simplesmente, falta de água para ser bombeada.
Como disse outro dia, já não faz mais sentido falar em percentagens e estatísticas.
A conta é para quantos dias dá a água que se tem, porque a época é de seca e algumas chuvas podem aliviar, mas não resolvem.
A conta, portanto, mal passa de 84 dias.
Ou sete de outubro.
Ou dois dias depois da eleição, em primeiro turno.
Está explicado porque Geraldo Alckmin queria que a Agência Nacional de Águas o autorizasse a tirar “mais uns golinhos” do fundo do lodaçal que se transformou o reservatório Jaguari-Jacareí, cujas imagens só chegam a “conta-gotas” aos jornais?
Lodaçal, porque é isso o que mostram as poucas fotos que se publica do estado do reservatório (como esta da Folha, acima, não publicada no jornal, mas vendida pela agência Folhapress) na qual dragas “ligam” as poças ao canal principal para aproveitar cada gota que empoça.

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