Agenda internacional para a semana de 6 a 13 de julho

Flávio Aguiar, de Berlim
Arquivo


Ucrânia

Presidente Poroshenko da Ucrânia assume ofensiva militar com retomada de Slavyansk, bastião dos rebeldes. Estes abandonaram a cidade e rumaram para Donetsk que, com Luhansk, passa a ser a principal cidade controlada pelos separatistas. Rússia e União Europeia seguem pressionando por uma retomada de negociações. Uma das dificuldades é que possíveis representantes dos rebeldes temem ser presos se forem a Kiev. Analistas dizem que o novo sucesso do Exército ucraniano se deve a adesão de voluntários (entre os quais pode haver neonazis), e a seu reequipamento através de doações privadas e à ajuda de 23 milhões de dólares dos EUA.

Iraque e ISIS

No Iraque, califa Abu Bakr al-Baghdadi, do ISIS,  gravou video desafiando Bagdá, os EUA e a Al-Qaïda. A autenticidade do vídeo, gravado numa mesquita em Mosul, principal cidade em poder dos membros do grupo ISIS,ainda está para ser comprovada, mas até agora nada indica que seja trucado. Abu Bakr, que sucedeu Abu Omar al-Baghdadi na liderança do ISIS depois da morte deste, chegou a estar preso num campo de concentração da polícia iraquiana em 2005, mas foi solto. Revelou-se também que durante muito tempo ele e o atual líder da Al-Qaïda, Ayman al-Zawahari m, mantiveram uma correspondência regular trocando acusações.


Israel

A polícia israelense deteve 6 suspeitos pelo assassinato do jovem palestino Abu Khdeir, morto com requinte s de crueldade. Suspeitos podem ser membros de organização terrorista israelense. Primeiro-ministro Benyamin Netanyahu diz que “terror é terror” e ações como esta não serão toleradas. Investigação e manifestações vão prossseguir durante a semana. Suspeita-se que os assassinos tenham agido como uma vingança contra a morte de três jovens israelenses em 12 de junho.

Alemanha

Governo alemão prendeu  agente de seu serviço secreto acusado de vender documentos para a espionagem dos EUA. O agente é acusado de ter entregue 218 documentos do Bundesnachrichtendienst à NSA norte-americana em troca de 25 mil euros. Alguns dos socumentos diriam respeito ao controle das investigações que correm no Parlamento (Bundestag) sobre as denúncias de espionagem de Edward Snowden. O governo alemão convocou o embaixador norte-americano em Berlim e pediu explicações sobre o caso, considerado grave e tão prejudicial às relaçòes entre os dois países quanto a denúncia sobre o grampeamento do telefone da chanceler Angela Merkel.

Alemanha e China

A chanceler Angela Merkel visita por três dias a China para ampliar agenda comercial, envolvendo agora também produtos eletrônicos. É a sétima visita da chanceler à China, que é uma das principais parceiras comerciais da Alemanha. Além de produtos tradicionais, como veículos e autopeças, aviões e helicópteros, a agenda desta vez compreende também produtos eletrônicos.

Em Berlim, Hillary Clinton começa campanha extra-oficial.

Hillary Clinton veio à Berlim, seguindo os passos do presidente Barack Obama, já em tom de campanha para 2016. Ela lança livro seu livro “Hard Choices” (“Escolhas difíceis”) e vem dando uma série de entrevistas à mídia alemã.

Egito

O presidente do Egito, general Al-Sisi, lamentou a condenação de três jornalistas da agência Al-Jazeera, acusados de conspiração para ajudar o terrorismo (ou seja, na versão oficial, a Irmandade Muçulmana) no país. Al-Sisi declarou que eles deveriam ter sido deportados e não julgados. O presidente também reconheceu que a condenação prejudicou o Egito no cenário internacional.  Apesar do presidente afirmar que não vai interferir no processo judicial, a declaração foi bem recebida pelos familiares e advogados dos réus, como um sinal de que seria possível obter sua libertação. A condenação é passível de recurso, e também de perdão pelo presidente. Esta última hipótese, porém, só seria possível depois de esgotados os trâmites judiciais, que podem durar meses.

Indonésia 

Na 4ª. Feira há eleição presidencial na Indonésia. Disputam ex-braço direito do ditador Suharto, general Prabowo Suhianto,  e Joko Widowo (apelidado Jokowi), um político novo no cenário do país, que promete a consolidação da democracia. Há um leve favoritismo em favor de Jokowi. A pesquisa mais favorável a ele indica 45% contra 38,7% de seu adversário, cuja expectativa de votação está em crescimento. Outras pesquisas dão vantagens menores para Jokowi, sendo a menor de 4%. A campanha contra Jokowi mobiliza inclusive acusações pessoais, como a de que ele teria ancestrais chineses e seria, secretamente, católico. A Indonésia tem a maior população muçulmana do mundo. Na eleição podem votar 187 milhões dentre os 240 milhões de habitantes. 67 milhões estarão votando pela primeira vez.

Japão

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe visita esta semana a Nova Zelândia, a Austrália e a Nova Guiné (Papua) para ampliar apoio ao país. Shinzo Abe quer mudar a interpretação do artigo constitucional que proíbe ao Japão tomar qualquer iniciativa de guerra, inclusive ao lado de possíveis aliados. A medida, que se dá num contexto em que se tensionam as relações com a China devido ao conflito pelas ilhas Senkaku (Dyahou, em mandarim chinês). A Austrália foi um dos primeiros países a apoiar a posição de Abe, que quer também retomar o programa de usinas nucleares no país, suspenso depois do desastre de Fukushima.

África

Especialistas advertem que surto do vírus Ebola na África ocidental pode durar meses. O presente surto já matou pelo menos 467 pessoas em 3 países: Guiné, Serra Leoa e Libéria. A novidade deste surto é que ele está presente em cidades mais populosas, não apenas em regiões rurais afastadas dos grandes centros urbanos, o que facilita sua propagação.

Quênia

Novos ataques terroristas fazem 29 vítimas fatais na região costeira deLamu, nas comunidades de Gamba e Hindi. Na semana da abertura da Copa do Mundo ataques semelhantes na mesma região deixaram 60 mortos, durante exibições públicas dos jogos pela tevê. Os ataques são atribuídos ao grupo al-Shabaab, da Somália, mas agora as autoridades também especulam com a possibilidade de que sejam perpetrados por um grupo chamado de Movimento Republicano de Mombasa, um grupo supostamente separatista da região.

Copa do Mundo

A Copa do Mundo entra em sua fase decisiva, com semi-finais e final no fim de semana. Na terça o Brasil enfrenta a Alemanha, sem Neymar e Thiago Silva. Na quarta, é a vez do jogo entre Holanda e Argentina. A mídia internacional fala num confronto América do Sul x Europa. A maior parte dos comentários assinala que a defecção dos dois jogadores diminui bastante as chances do Brasil contra a Alemanha. Neste país há até um clima discreto de “já ganhou” contra o Brasil.
 
Assim mesmo os comentaristas mais sensatos advertem que o Brasil continua a ser um adversário perigoso e afirmam que a sua atuação contra a Colômbia, no primeiro tempo, foi de gala . Até o momento, entre Argentina e Holanda não despontou um favoritismo claro. As atuações de ambas as equipes nas quartas de final é a responsável por este clima de equilíbrio: uma Argentina retrancada, apesar de dominar o jogo contra a Bélgica, e uma Holanda que sofreu 120 minutos para vencer a brava Costa Rica apenas nos pênaltis.

Copa e Dilma 

Enquanto isto, o correspondente do Financial Times no Brasil, Joe Leahy,  diz que contusão de Neymar não prejudica candidatura de Dilma Rousseff... porque o Brasil já teria feito a lição de casa: organizou um belo evento e chegou à semi-final. Ele assinala que nas pesquisas a avaliação do governo se mantém estável num patamar que seria o suficiente para assegurar-lhe a vitória em outubro. O comentário, que não é isolado, mostra uma reversão de maré, diante do absoluto negativismo nas manchetes e notícias em toda a mídia europeia antes da Copa começar.




Créditos da foto: Arquivo

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