Vladimir Putin à imprensa francesa, “Tropas russas na Ucrânia? Onde? Quem disse?!”


4/6/2014, RT – Entrevista de Putin à imprensa-empresa francesa, Russia Today
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
POSTADO POR CASTOR FILHO
Entreouvido na tendinha da Chica Boa na Vila Vudu: Em matéria de informação, você pode ouvir/ler a voz e a opinião do próprio presidente Vladimir Putin sobre as coisas ou, se preferir, você pode ouvir/ler opiniõezinhas bobocas de Leilane Neubarth ou de Eliane Cantanhede ou daquele tal de Trigo, da GloboNews (só rindo!), sobre as coisas. Fala sério-aê! Mesmo que a opinião do presidente da Rússia não valesse nada, mesmo assim ainda valeria MUITO MAIS que opiniõezinhas de jornalistas do Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão), né-não?!

Transcrição completa (em inglês) de entrevista realizada em 3/6/2014 em: Vladimir Putin’s interview with Radio Europe 1 and TF1 TV channel

Vídeo completo a seguir:


Vladimir Putin enfrentou uma barragem de questões enviesadas feitas por jornalistas franceses, antes da reunião com líderes mundiais, nas comemorações dos 70 anos dos na Normandia. Aqui, uma seleção das melhores respostas às questões importantes: Ucrânia, Crimeia, relações com os EUA.

Sobre a Ucrânia, soberania da Ucrânia e tropas russas:

A crise em curso na Ucrânia tem ocupado o centro da atenção internacional desde o final do ano passado. Enquanto o governo golpista em Kiev está promovendo massacre contra populações no sudeste do país, os EUA só fazem dizer que haveria tropas russas envolvidas na crise e que teriam provas desse envolvimento.

Ora essa! Se têm provas, por que não as exibem?” – disse Putin aos jornalistas franceses. – “O mundo inteiro jamais esquecerá da secretária de Estado exibindo provas da existência de armas de destruição em massa no Iraque, sacudindo tubos de ensaio com sabão em pó no Conselho de Segurança da ONU. Logo na sequência, tropas norte-americanas invadiram o Iraque, Saddam Hussein foi enforcado e, pouco depois, se descobriu que jamais houve qualquer arma de destruição em massa no Iraque. Vocês sabem como é isso. Uma coisa é dizer. Outra, poder exibir provas autênticas.

Não há forças armadas, nem “instrutores'’ russos no sudeste da Ucrânia, nem jamais houve
Depois do golpe anti-Constituição em Kiev em fevereiro, a primeira coisa que as novas autoridades tentaram fazer foi privar as minorias étnicas do direito de usar sua língua nativa. Essa proibição gerou muita preocupação entre o povo que vive no leste da Ucrânia.

É vital conversar com essas pessoas que não aceitam a mudança no poder, em vez de mandar tanques para lá, como você mesmo disse, em vez de disparar mísseis de aviões, contra civis, e bombardear alvos não militares
Eu não diria que eles são nem pró-russos nem pró-ucranianos. São pessoas que têm determinados direitos políticos, humanitários, e que têm de poder exercer esses direitos.  

Quando o golpe aconteceu, algumas pessoas aceitaram o regime e sentiram-se satisfeitas, e outras pessoas, por exemplo, no leste e no sul da Ucrânia, não o aceitaram.

Acho que o sr. Poroshenko, que ainda não tem as mãos sujas de sangue, tem uma oportunidade única de pôr fim agora a essa expedição punitiva e iniciar um diálogo com o povo do sudeste da Ucrânia
Sobre a Crimeia, aquele referendo e os laços históricos com a Rússia:

Depois que a Crimeia, em março, aprovou, em referendo a reintegração à Federação Russa, o ocidente pôs-se a dizer que o povo votara coagido, sob mira armada.

Havia tropas russas na Crimeia desde antes, nos termos do tratado internacional para a presença de soldados da base militar russa ali existente. É verdade que soldados russos ajudaram os crimeanos a fazer um referendo (1) para decidir sobre a independência da Crimeia; e (2) sobre se queriam ou não unir-se à Federação Russa. Ninguém pode impedir aquelas pessoas de exercerem um direito que está estipulado no Artigo 1º da Carta da ONU, a saber, o direito das nações à autodeterminação.

É delírio supor que tropas russas anexaram a Crimeia. Nenhuma tropa russa fez coisa sequer semelhante a isso
Conduzimos diálogo exclusivamente pacífico e diplomático – quero chamar atenção para isso – com nossos parceiros na Europa e nos EUA. Em resposta às nossas tentativas para organizar esse diálogo e negociar solução aceitável, nossos parceiros na Europa e nos EUA apoiaram o golpe ilegal e contra a Constituição, na Ucrânia. Depois disso, já não tínhamos certeza de que a Ucrânia não seria convertida em membro do bloco militar da OTAN.

Nessa situação, jamais permitiríamos que parte histórica do território russo, com população étnica predominantemente russa, fosse incorporada a uma aliança militar internacional [anti-Rússia]. Sobretudo porque os crimeanos desejavam sua reintegração à Rússia – como o referendo comprovou.

Um jornalista perguntou ao presidente se ele quer recriar as velhas fronteiras da União Soviética.

Queremos usar políticas modernas para ampliar nossa vantagem competitiva, incluindo a integração econômica. Isso é o que estamos fazendo no espaço pós-soviético dentro da União Aduaneira e, agora, também dentro da União Eurasiana.

Sobre as relações com os EUA e as políticas externas agressivas dos norte-americanos:

Falando da política norte-americana, é bem claro que os EUA estão seguindo política das mais duras e agressivas, para defender seus interesses. Ou pelo menos, é o que os líderes norte-americanos supõem que estejam fazendo. E fazem sempre a mesma coisa, persistentemente.

Basicamente não há soldados russos em lugar algum pelo mundo; mas há soldados norte-americanos em todas os cantos do mundo. Há bases militares norte-americanas por toda a parte e elas estão sempre envolvidas no destino de outros países, ainda que estejam a milhares de quilômetros de distância das fronteiras norte-americanas.

 O orçamento da defesa dos EUA é maior que os orçamentos militares somados de todos os países do mundo. Quero dizer... Quem insiste sempre em política militar de agressão?
Por isso é irônico que nossos parceiros norte-americanos nos acusem de quebrar essas regras...” – disse Putin, aparentemente em referência ao que disse Hillary Clinton sobre a política exterior russa no leste europeu, comparando-a à de Hitler nos anos 1930s.

Quando alguém força as próprias fronteiras contra outras fronteiras, raramente é porque esteja forte e bem plantado, mas, ao contrário, porque está fraco.

 Quanto às minhas relações com Barack Obama, não tenho motivo algum para supor que ele esteja evitando falar com o presidente da Rússia. Mas, claro, é problema dele. Estou sempre aberto ao diálogo e entendo que o diálogo é o melhor meio que há para resolver diferenças e reduzir distâncias
Sobre a Rússia, defesa, soberania e partidos de oposição:

Entre as tensões geradas pelo recente negócio de US$ 1,6 bilhões, pelo qual a França fornecerá dois helicópteros Mistral à Rússia, Putin disse esperar que os dois países continuem a desenvolver laços comerciais.

Sobretudo, nossas relações nessa área estão desenvolvendo-se bem, e queremos continuar a fortalece-las – na aviação, estaleiros e outros setores.

Nenhuma política de expansionismo e conquista tem qualquer futuro no mundo moderno. Confiamos que a Rússia pode ser e será parceira de seus aliados tradicionais, em sentido amplo, atualmente e para o futuro.

Países que se incorporem em alianças militares cedem parte da própria soberania a um corpo supranacional. Para a Rússia, isso seria inaceitável. Quanto a outros países, não é coisa que nos diga respeito. Eles que decidam, eles mesmos, essas questões.

Penso na tradição gaullista e no general De Gaulle, que protegeu a soberania da França. Entendo que são coisas que merecem respeito
E há outro exemplo: François Mitterrand, que falou da confederação europeia, com a Rússia como membro. Creio que essa oportunidade ainda existe e pensaremos nisso, para o futuro.

Queremos usar políticas modernas para obter vantagens competitivas, inclusive com integração econômica. É isso que estamos fazendo no espaço pós-soviético: união alfandegária e expandindo a construção da União Eurasiana.
Sobre políticas internas, Putin disse que a Rússia é estado democrático e “o atual governo não depende de nenhuma pessoa particular.

A grande maioria dos cidadãos russos tende a confiar em nossas tradições, nossa história e, se se pode dizer assim, nos nossos valores tradicionais. Vejo isso como alicerce e fator de estabilidade no estado russo, mas nada disso está associado à pessoa do presidente como indivíduo. Além do mais, deve-se lembrar que só recentemente começamos a introduzir instituições democráticas padrão. Elas ainda estão em processo de evolução.

Alguns de nossos oponentes dizem que se trataria de restrições inaceitáveis. Mas... que tipo de restrições haveria na Rússia? Por exemplo: proibimos qualquer tipo de propaganda e promoção do suicídio, do consumo e produção de drogas e da pedofilia. São proibidas a propaganda e a promoção dessas coisas. O que haveria de errado nisso?”

Nos EUA, já que se falou disso, a homossexualidade é considerada crime em vários estados. Na Rússia, isso não existe. Apenas proibimos a promoção e a propaganda da homossexualidade dirigidas a menores. É nosso direito proibir que se faça propaganda da homossexualidade entre nossas crianças, e continuaremos a proibir a propaganda e a promoção da homossexualidade entre menores.

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