Vannuchi: 'Clima positivo da Copa reforça que o país deve acreditar em si'

MARCELLO CASAL JR/ABR
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Vannuchi reforça que o clima de pessimismo anterior à Copa foi completamente revertido pelo mundial
Convenções partidárias vão desenhando cenário das eleições e, passada a Copa, o mau humor da mídia tradicional contra o governo recomeça
por Redação da RBA 
O cientista política Paulo Vannuchi avaliou nesta terça-feira (24), em seu comentário naRádio Brasil Atual, que está acontecendo com a Copa do Mundo algo muito importante para o clima eleitoral, já que há duas semanas, o cenário forjado pela mídia e pelas oposições era tão negativo que se o evento saísse razoável, minimamente organizado, seria ponto para a presidenta Dilma Rousseff. Mas há uma uma reversão total da expectativa. "A Vila Madalena, em São Paulo, o Mercado de Porto Alegre, as praias do Nordeste, todos estão em clima de confraternização."
Isso é algo parecido com o que se faz hoje com a imagem do Brasil, diz o comentarista. "O Brasil vive, nos últimos dez, 13 anos, o melhor momento da sua história. Ele tem um governo extraído de movimentos sindicais, populares, um governo que promove distribuição de renda... Quer dizer que no Brasil tudo vai muito bem? Não. O Brasil segue tendo muita coisa ruim, muita coisa errada, mas ele é as duas coisas", avalia Vannuchi.

Ele lembra que nos últimos meses, a mídia, os jornalões dominados pela meia dúzia de famílias que se opõem a Lula e Dilma, produziram uma imagem errada, distorcida. "Só que a cada dia a gente ouve no rádio, nas televisões e nas revistas elogios dessas mesmas pessoas. Mas ninguém faz menção a quem criou aquele clima de três semanas atrás."
Admitindo os problemas existentes no país, o comentarista ressalta que o predominante hoje é o aspecto positivo, o empenho de um país que deve acreditar em si mesmo, abandonando de uma vez por todas o complexo de vira-latas, o grande alimento da elite tradicional. "Eles passam a ideia para o brasileiro pobre de que o país não presta, portanto, que é preciso confiar na elite que domina este país."
Mas não é bem assim. Segundo Vannuchi, o Brasil tem riquezas extraordinárias, é reconhecido no mundo inteiro, tem problemas sérios ainda pela frente, mas acredita na sua capacidade de trabalho, na sua capacidade de criar, produzir, inventar. Inclusive na sua capacidade de jogar futebol, mas também tem um futebol melhor que o exibido até agora pela seleção brasileira
Em meio ao clima festivo da Copa, Vannuchi lembra que ocorreu no sábado (21) a convenção que formalizou a candidatura da presidenta Dilma à reeleição. Ele lembra o discurso do ex-presidente Lula, e do presidente do PT, Rui Falcão, dizendo que não adianta ser esquerda muito moderada. 'No lugar de a direita também moderar e fortalecer uma convivência nacional pacífica, ela entende que tem de ir mais para a direita. Ela entende que tem que ir para o estádio de futebol e fazer ofensas à presidenta da República, ela tem de odiar'. "Se é assim o confronto na política, é a hora de Dilma, em seu segundo mandato, mantendo as características de uma força moderada, de centro-esquerda, puxar um pouco mais para o enfrentamento", propõe Vannuchi.
No plano regional, de acordo com Vannuchi, os últimos dias foram de notícias de muito impacto, sobretudo São Paulo, quando se fecha a aliança do PSDB com o PSB, de Eduardo Campos, e gente ligada a Marina, nos jornais, já planta a notícia de que a aliança de Marina foi um erro, porque realmente não há como evitar a tendência quase que obrigatória de Eduardo Campos a ir para a direita. "O apoio à mais importante unidade da disputa tucana no Brasil, que é a dinastia de 20 anos de conservadorismo, representa a sina triste de Eduardo Campos, que já foi pensado por Lula como a pessoa que poderia ser apoiada em uma futura disputa presidencial."
Nos próximos dias há mais convenções dos partidos e na próxima semana se fecha esse cenário todo e partimos para os últimos momentos. "Depois da Copa, depois de 13 de julho, temos que estar preparados para o azedume. A mídia, a direita, os conservadores não têm como sustentar que tudo vai mal no Brasil quando as pessoas saem nas ruas e veem esse clima de festa. Nós vemos pessoas se arrependendo de não terem acreditado na Copa. Se o Brasil for desclassificado haverá artigos tentando dizer até que a derrota da seleção é consequência dos erros do governo. Claro, vão para a rua, para a mobilização, para a capacidade que têm de produzir eventos, criar fatos políticos", finaliza Vannuchi.

Ouça o comentário completo na Rádio Brasil Atual
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