Tijolaço na Copa: vitória não foi contra a Sérvia, foi contra o nervosismo e o “salto alto”
Autor: Fernando Brito
Vou pedir desculpas para quem acredita que a política deve deixar a gente ausente do resto das coisas e eu acompanho Copas do Mundo desde que ouvi, pelo rádio, o Brasil cair da soberba na Copa de 66.
Vou me dar o direito de comentar os jogos do Brasil, até porque, com a uruca generalizada que anda por aí, acho que é a melhor conversa que a gente pode ter estes dias.
O jogo da seleção contra a Sérvia teve um resultado mais importante que 1 x 0 do placar.
A seleção venceu, em boa parte, o nervosismo da estréia, antes da estréia.
Porque só o nervosismo pode explicar as pixotadas de uma zaga formada por Tiago Silva e David Alves, ambos experientes e bem conhecidos um do outro. As falhas defensivas, aliás, foram a mais séria deficiência do time.
Nada disso, porém, teria acontecido se Felipão tivesse pedido um amistoso “baba-de-quiabo” para o último jogo pré-copa.
Com é, aliás, tradição nas últimas edições do Mundial, quando fechamos a preparação jogando com Tanzânia, Nova Zelândia, Malásia e…Andorra!
Muito provavelmente isso só serviria para deixar alguns de “salto alto”.
Aliás, foi bom baixar a auto-confiança do Neymar – que não precisa provar a ninguém que é um gênio com a bola. Ele foi bem (e duramente) marcado e vai ouvir de Felipão que os piores zagueiros que ele vai enfrentar usa camiseta preta com o escudo da Fifa: os juízes, que não vão ter paciência com reclamações coreográficas.
E para elevar a auto-estima de Fred, que sofreu com a falta de armadores, teve uma chance apenas e a aproveitou.
Para ajudar mais a baixar a bola, o jogo foi diante da torcida paulista, que ao contrário de outras capitais, não vai fazer festa por qualquer coisa.
O Morumbi estava lotado e exigente.
A novidade que poderia ter acontecido, a subida de William para o time titular, creio que não se confirmou, embora Oscar não tenha ido bem no primeiro tempo, como aliás ninguém foi.
O Brasil não jogou bem, mas pelo menos enquanto ainda podia não jogar bem.
Luís Felipe Scolari, que não escondeu sua “bronca” dos coletivos e nem no jogo com o Panamá, era o mais tranquilo, durante e depois do jogo-treino.
Talvez porque o resultado tenha sido na exata medida do que ele desejaria, na linha de seu conterrâneo Pinheiro Machado.
Nem tão ruim que gerasse cobranças.
Nem tão bom que criasse soberba.
Até porque os primeiros três jogos da Copa- Croácia, México e Camarões – não são para fazer gracinha. E muito menos os possíveis adversários das oitavas: Holanda ou Chile, na melhor das hipóteses, que é a da Espanha não surpreender não sendo a primeira colocada do grupo B.
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