Propaganda pró-ISIS na Arábia Saudita
19/6/2014, Al-Manar TV − Beirute, Líbano
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
POSTADO POR CASTOR FILHO
Nouri al-Maliki, Primeiro-Ministro do Iraque |
Parece que começam a se comprovar as acusações do primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki contra a Arábia Saudita, que estaria sustentando os terroristas no Iraque.
Pela primeira vez, o grupo Estado Islâmico no Iraque e no Levante (ing. ISIS; ár. Daash e Daesh) apareceu no Reino Saudita, diz um analista saudita, Hachem al-Wahili, em matéria distribuída pela agência iraquiana al-Nakhil de notícias.
Acompanhando como estamos eventuais manifestações do ISILpela Arábia Saudita, encontramos cartazes com slogans de propaganda do grupo, que começam a surgir em lugares públicos e instituições governamentais sauditas”, como revelou Louwayhi, para quem essa seria uma prova de que o movimento terrorista é mantido pela Casa de Saud.
Sobretudo na cidade de Taif, a sudoeste da capital Riad, veem-se muitos desses cartazes, afixados principalmente em paredes de prédios do governo saudita, por exemplo, no Comissariado e Direção de Assuntos Civis e Passaportes.
A Arábia Saudita também está apoiando o ISIS com promoção midiática dos recentes eventos iraquianos, desde que esse ramo terrorista surgido da al-Qaeda, e mantido pelos remanescentes do partido iraquiano Baas, tomou a cidade de Mosul, a segunda maior cidade iraquiana, e a maior parte da província de Nínive, além de regiões das províncias de Salaheddine, Diyala (...). Esses grupos, apresentados como terroristas pelo governo iraquiano, são chamados de “revolucionários” nos jornais e televisões da imprensa-empresa de propriedade do reino saudita.
Facções religiosas no Iraque (clique na imagem para aumentar) |
O jornal saudita Al-Watan, muito próximo do regime saudita, publicou matéria intitulada “Uma revolução para libertar o Iraque”, na qual entrevista um suposto comandante da insurreição no Iraque (“major-general Houssam ed-Dine al-Doulaïmi”) apresentado como vice-presidente do conselho político dos “revolucionários”.
Esse dito major-general desmente as versões correntes noticiadas por todas as agências internacionais de notícias, e diz que não foi o ISIS quem tomou a cidade de Mosul, mas “revolucionários iraquianos”.
O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, cujo partido, “Estado e Direito”, foi o grande vencedor das eleições legislativas de maio passado, é repetidamente acusado por Riad de ter marginalizado a comunidade sunita iraquiana e de ter atiçado ódios sectários.
Hoje, 5ª-feira (19/6/2014), mais uma vez, o chefe da diplomacia saudita, Saud al-Faisal fustigou Maliki:
As políticas sectárias de Maliki são a causa da deterioração da situação no Iraque, porque seu governo agiu muito mal em algumas regiões do país, e Maliki tomou para si todos os cargos-chaves, o que comprometeu as capacidades do exército iraquiano” – disse al Faisal, numa conferência de imprensa organizada em Jedda, nos bastidores de reunião da Conferência da Organização Islamista, segundo a página internet da rede de televisão al-Arabiyya. E continuou, em tom de ameaça: “Não é recomendável opor-se à Arábia Saudita.
Saud al-Faisal, MRE da Arábia Saudita |
Segundo fontes próximas do primeiro-ministro do Iraque, quem está por trás da efervescência mais recente que incendeia a região são Arábia Saudita e facções iraquianas que os sauditas apoiam. E, isso, por causa das veleidades que os sauditas cultivam, de alcançar a hegemonia regional. O reino saudita pratica política despótica e jamais cuidou de fazer partilha democrática do poder; e o Iraque é uma democracia.
Por trás dessas acusações, o que mais pesa são os laços estreitos que ligam Maliki e Teerã. Percebido como importante rival regional, o Irã converteu-se em besta-fera para os sauditas.
O emir saudita também lançou uma espécie de ameaça contra o Irã, sem citar nomes, contra qualquer intervenção iraniana no Iraque: “Recusaremos qualquer ingerência militar estrangeira no Iraque, dado que se trata de crise com prováveis repercussões regionais” – disse o emir.
É bem verdade que, em política externa, o reino wahhabita jamais admitiu concorrente regional, venha de onde vier (mas aceita, claro, a colaboração com Israel).
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