Os “certinhos” estão fora da Copa.

Autor: Fernando Brito
espanha
Escrevi aqui, outro dia, que se devia torcer pelo Chile, para evitar a Espanha nas oitavas-de final.
Um querido amigo, entendedor de futebol – destes de dormir deradinho de pilha no ouvido – criticou-me:
- (se você) tá com medo da Espanha, e ainda por cima acha que o Chile pode fazer alguma coisa nessa Copa, concluo que você é um inocente…
Nem tanto.

Porque o que mais me preocupa na seleção brasileira é o conservadorismo, o medo, a montanha de compromissos comerciais, publicitários e contratuais que envolveram o time brasileiro na Copa.
Que faz nosso time jogar com medo.
E nossa cronica esportiva, que se vestiu de uma frieza “bundinha” desde o primeiro jogo, com o pênalti em Fred, ajuda muito nisso.
Sou capaz de arriscar que teríamos medo da Espanha.
Enquanto os chilenos foram, rodrigueanamente, para cima deles como quem vai em cima de um prato de comida.
Ontem, na televisão, vi  alguns intelectuais criticando a propaganda do Banco Nacional do Chile, que reproduzo ao final, que faz uma paráfrase entre a seleção chilena e os mineiros que ficaram soterrados no Atacama.
Apelativo? Sim, e muito.
Mas foi assim mesmo que que eles partiram para cima dos espanhóis.
Também escrevi aqui que a Croácia foi o nosso jogo mais fácil na primeira fase.
O jogo com Camarões será mais fácil que o do México, mas mais difícil que o da Croácia, sobretudo se os camaroneses não perderem hoje e jogarem só para cumprir tabela.
Porque, se não acontecer isso, talvez joguemos com medo, como jogamos ontem.
O Brasil jogou conservadoramente com o México, a começar pela escalação de Ramires (eu tinha escrito que era o Hernandes que, coitado, não tem nada com isso e é atpe mais ofensivo) no lugar de Hulk, que sinalizou a preocupação de Felipão com a defesa. Que a entrada de Bernard no segundo tempo, durante o “apagão” brasileiro dos primeiros 15 minutos não foi capaz de reverter.
Jogos de futebol, além de técnica e tática, dependem de dois fatores, imponderáveis.
Atitude e acaso.
Deste, não é preciso falar muito para prová-lo.
O “chocolate” holandês poderia não ter acontecido se a Espanha faz o segundo gol, como pôde fazer.
A “zebra” australiana poderia ter acontecido se não tivessem perdido o gol segundos antes do terceiro gol holandês.
Da atitude, é um pouco mais complexo.
Mas o jogo do Chile hoje mostra o que ela pode, para quem quiser perceber melhor. E o da Austrália contra a Holanda, também.
A Copa do Mundo não é uma “guerra” esportiva, estratégica.
É apenas uma sucessão de batalhas.
Se ganhasse a melhor seleção, técnica e taticamente, teríamos sido campeões em 82 e, talvez, em 1986.
E não teríamos sido em 1994.
Se vamos ser, em 2014, não sei e ninguém sabe.
A técnica e a tática são o que temos, para o bem e para o mal.
O acaso é o acaso.
A atitude, agora, é o que vai decidir nossa sorte.
Qualquer semelhança com a política é mera coincidência.

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