JN É INFANTILÓIDE. É O FIM DE UM MODELO
Um jornalismo cheio de caras, bocas, mimos e dengos.
Ao justificar falha da colega Patrícia Poeta, flagrada fazendo alegados exercícios fonoaudiólogicos, William Bonner desperdiçou tempo considerável, mais do que o normalmente dedicado às notícias. Em um mundo repleto de conflitos, o apresentador teve comportamento infantil ao usar um espaço que deveria ser destinado a fatos relevantes
(…)
Por PAULO PACHECO, em 07/06/2014
Após as recentes gafes nos telejornais da Globo, os jornalistas viraram notícia. A bufada de Patrícia Poeta no Jornal Nacional e a caneta de Sandra Annemberg no Jornal Hoje ganharam uma repercussão maior do que o próprio conteúdo jornalístico. Para cientistas da comunicação, os recentes acontecimentos expõem uma “crise de identidade” no telejornalismo. Ao se “humanizar”, o jornalismo de TV revela sua “luta pela sobrevivência”.
Na segunda (2), Patrícia Poeta apareceu bufando no Jornal Nacional. Telespectadores tiraram sarro e comentaram que a jornalista, que cobre a seleção brasileira ao lado de Galvão Bueno, estava irritada ou estafada.
Na quarta-feira (4), William Bonner interrompeu o telejornal para explicar que ela fazia aquecimento vocal, obrigatório para apresentadores e repórteres, e não percebeu que estava no ar. A conversa de Bonner com Poeta teve mais espaço do que outras reportagens exibidas no mesmo dia.
Na terça (3), Sandra Annemberg deixou a caneta cair no encerramento do Jornal Hoje e não conseguiu evitar uma gargalhada. A reação da apresentadora foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.
O professor de telejornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Antonio Brasil, não vê problemas na transformação de jornalistas em personagens, como uma espécie de “humanização” do profissional que antes só emitia informações. O problema, na visão dele, está quando o programa abusa da superficialidade e perde conteúdo, como acontece atualmente e evidencia uma crise de identidade que deverá extinguir o modelo atual de telejornalismo.
“O jornalismo de TV luta desesperadamente para sobreviver. A estratégia de ‘humanização’ de seus profissionais é uma das atitudes ‘desesperadas’ para continuar relevante. O fim dos telejornais como conhecemos, com ou sem as gracinhas do William Bonner, é inevitável”, argumenta o professor.
(…)
Para Wagner Belmonte, professor de jornalismo da Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), a bufada de Patrícia Poeta não é grave em comparação com outras gafes mais pesadas, como a risada de Sandra Annemberg ao ver sua caneta no chão. Em sua opinião, jornalista virar notícia não é humanização, e sim marketing pessoal, e o jornalismo está refém do entretenimento.
“A reação de Sandra Annemberg ao deixar a caneta cair, dando um sorriso, é uma apresentação infantiloide, cheia de caras, bocas, mimos e dengos. Prefiro o padrão da Christiane Pelajo [apresentadora do Jornal da Globo]. Sem sedução, poderia inspirar muitas jornalistas”, compara.
Em tempo: esse Gilberto Freire com “i”(*) vai enterrar a obra do Armando Nogueira. PHA
Clique aqui para ler “Globo tem que esconder musa da Copa”.
E aqui para ler “Miro Borges: Povo põe a globo para correr”.
(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
Saiu no “Notícias da TV”:
BONNER TEM COMPORTAMENTO INFANTIL AO JUSTIFICAR BUFADA DE POETA
Ao justificar falha da colega Patrícia Poeta, flagrada fazendo alegados exercícios fonoaudiólogicos, William Bonner desperdiçou tempo considerável, mais do que o normalmente dedicado às notícias. Em um mundo repleto de conflitos, o apresentador teve comportamento infantil ao usar um espaço que deveria ser destinado a fatos relevantes
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GAFE NO JORNAL NACIONAL EXPÕE ‘LUTA POR SOBREVIVÊNCIA’, DIZ ESPECIALISTA
Por PAULO PACHECO, em 07/06/2014
Após as recentes gafes nos telejornais da Globo, os jornalistas viraram notícia. A bufada de Patrícia Poeta no Jornal Nacional e a caneta de Sandra Annemberg no Jornal Hoje ganharam uma repercussão maior do que o próprio conteúdo jornalístico. Para cientistas da comunicação, os recentes acontecimentos expõem uma “crise de identidade” no telejornalismo. Ao se “humanizar”, o jornalismo de TV revela sua “luta pela sobrevivência”.
Na segunda (2), Patrícia Poeta apareceu bufando no Jornal Nacional. Telespectadores tiraram sarro e comentaram que a jornalista, que cobre a seleção brasileira ao lado de Galvão Bueno, estava irritada ou estafada.
Na quarta-feira (4), William Bonner interrompeu o telejornal para explicar que ela fazia aquecimento vocal, obrigatório para apresentadores e repórteres, e não percebeu que estava no ar. A conversa de Bonner com Poeta teve mais espaço do que outras reportagens exibidas no mesmo dia.
Na terça (3), Sandra Annemberg deixou a caneta cair no encerramento do Jornal Hoje e não conseguiu evitar uma gargalhada. A reação da apresentadora foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais.
O professor de telejornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Antonio Brasil, não vê problemas na transformação de jornalistas em personagens, como uma espécie de “humanização” do profissional que antes só emitia informações. O problema, na visão dele, está quando o programa abusa da superficialidade e perde conteúdo, como acontece atualmente e evidencia uma crise de identidade que deverá extinguir o modelo atual de telejornalismo.
“O jornalismo de TV luta desesperadamente para sobreviver. A estratégia de ‘humanização’ de seus profissionais é uma das atitudes ‘desesperadas’ para continuar relevante. O fim dos telejornais como conhecemos, com ou sem as gracinhas do William Bonner, é inevitável”, argumenta o professor.
(…)
Para Wagner Belmonte, professor de jornalismo da Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), a bufada de Patrícia Poeta não é grave em comparação com outras gafes mais pesadas, como a risada de Sandra Annemberg ao ver sua caneta no chão. Em sua opinião, jornalista virar notícia não é humanização, e sim marketing pessoal, e o jornalismo está refém do entretenimento.
“A reação de Sandra Annemberg ao deixar a caneta cair, dando um sorriso, é uma apresentação infantiloide, cheia de caras, bocas, mimos e dengos. Prefiro o padrão da Christiane Pelajo [apresentadora do Jornal da Globo]. Sem sedução, poderia inspirar muitas jornalistas”, compara.
Em tempo: esse Gilberto Freire com “i”(*) vai enterrar a obra do Armando Nogueira. PHA
Clique aqui para ler “Globo tem que esconder musa da Copa”.
E aqui para ler “Miro Borges: Povo põe a globo para correr”.
(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
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