Iraque: EUA nada têm a fazer lá!


22/6/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
                   POSTADO POR CASTOR FILHO 
Militante do ISIS/ISIL monta guarda num "check point" próximo a refinaria de Beiji
(fumaça do lado esquerdo ao fundo)
A aliança ISIS/ex-Baathistas/sunitas do Iraque está consolidando sua posição no noroeste do Iraque. Capturou postos na fronteira com a Síria e, agora, com a Jordânia. Esse último item acenderá luzes vermelhas em Washington e noutros pontos.

A ridícula posição dos EUA, apoiando, armando e treinando jihadistas insurgentes na Síria, ao mesmo tempo em que os tratam como terrível ameaça no Iraque e noutros locais, já está à vista de todos, difícil de esconder. O que dizer de uma manchete lunática-desatinada como Kerry chega ao Cairo em viagem para ajudar a formar o novo governo iraquiano?! (Deu noNew York Times!).

Ninguém quer “ajuda” de Kerry! A ameaça, agora, une até os mais fortes antagonistas. Nem o Irã, nem os sauditas querem saber de intervenção ou de “ajuda” dos EUA no Iraque. O primeiro-ministro Maliki do Iraque provavelmente aprovaria algum apoio dos EUA para seu desgraçado exército em estado de desintegração, mas prefere ir à luta sozinho, se o tal apoio vier conectado a “exigências” de que ele, depois de eleito, deixe o governo...

Contente, Sisi recebe Kerry em dia de propina...
E Kerry? Estará mesmo pedindo apoio a Sisi, o brutal neoditador do Egito? E o que poderia fazer aquele carcereiro de nação falida? Nem apoiaria Maliki, nem apoiaria os jihadistas: não há alternativa à vista, nem para um nem para os outros. Sisi passará a mão nas propinas que Kerry lhe leva para que apoie Israel. E deixará o resto por isso mesmo.

Não há o que Kerry possa fazer pelos iraquianos. As políticas dos EUA para o Oriente Médio acabaram. A impotência delas vê-se claramente em duas guerras perdidas, no Iraque e no Afeganistão. A incompetência dessas políticas está claramente comprovada na contradição entre “promover a democracia” por um lado, enquanto, pelo outro lado, promove ditaduras religiosas radicais no Golfo. Passo para fora disso seria uma aliança de EUA e Irã, mas essa mudança radical de política seria imediatamente detonada no circo político de Washington.

Não é só no Oriente Médio que as políticas dos EUA desiludem aliados e decepcionam até os inimigos. Vejam, por exemplo, o que até o muito neoconservador ministro de Relações Exteriores da Polônia pensa da “amizade” de seu país com os EUA:

Radek Sikorski
O ministro polonês de Relações Exteriores, Radek Sikorski, visto em geral como um dos principais aliados dos EUA na Europa disse, em gravação que vazou misteriosamente nesse domingo, que a aliança entre seu país e os EUA “não vale nada”.

“A aliança Polônia-EUA não vale nada. Até nos causa dano, porque cria uma falsa sensação de segurança na Polônia” – diz Sikorski, num excerto de conversação mais longa a ser publicada na 2ª-feira (23/6/2014) pela revista Wprost, e que teria acontecido entre Sikorski e o ex-ministro das Finanças, Jacek Rostowski.
...

“Vamos entrar em conflito com ambos, russos e alemães; estamos pensando que está tudo bem, só porque demos uma ‘chupada’ nos americanos. Não passamos de “chupa-pau” dos americanos” – disse Sikorski, em tradução de BuzzFeed.

Os EUA que fiquem fora do Iraque. Forças locais que se acertem por lá e os patrocinadores de cada lado que cheguem a acordo que satisfaça os dois lados.

Xiitas e sunitas já começaram por se entenderem, num ponto essencialmente importante: os EUA que fiquem bem longe de lá!

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