FMI pressiona BCE a usar "artilharia pesada" para combater deflação

Lagarde defende mais poder de fogo no BCE CHIP SOMODEVILLA/GETTY IMAGES/AFP
O Fundo Monetário Internacional (FMI) irá propôr, na reunião dos ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), que se realiza esta quinta-feira no Luxemburgo, que o Banco Central Europeu (BCE) assuma um papel mais activo para apoiar a recuperação económica no espaço da moeda única.
Um documento do FMI que será analisado no encontr e a que o Financial Times teve acesso defende que, no caso de manutenção da taxa de inflação a níveis baixos na zona euro, o BCE deve considerar a aquisição, "em larga escala", de obrigações soberanas, num lógica como a que tem sido seguida pela reserva Federal dos Estados Unidos. 

A organização liderada por Christine Lagarde sustenta que esta será a única forma de a zona euro evitar um período longo de estagnação, como o que viveu o Japão nos últimos tempos - a chamada "década perdida". E acrescenta que este tipo de intervenção iria, por certo, "melhorar os balanços das empresas e famílias e estimular o crédito bancário".
Com a taxa de inflação na zona euro a rondar os 0,5% em Maio (era de 1,4% há um ano) e uma evolução mensal negativa, o nível de preços está muito longe do objectivo definido como confortável pela autoridade monetária - em torno dos 2%. Por isso, na sua última reunião, o conselho de governadores do BCE decidiu várias medidas de política que visam combater o risco de deflação.
Entre elas, contam-se a redução de taxas de referência, com taxa negativa para os depósitos que recebe dos bancos da zona euro, empréstimos de longo prazo ao sistema financeiro com a condição de que sejam canalizados para a economia. A opção por outras medidas foi deixada em aberto por Mario Draghi, no final da reunião, embora sem especificar em que sentido poderão ir.
A Reserva Federal norte-americana mantém no terreno um programa de injecção de liquidez na economia, através da compra de activos (produtos financeiros derivados de títulos hipotecários e obrigações do Tesouro), embora na reunião bimensal que terminou esta quarta-feira tenha reduzido a dimensão das aquisições para 35 mil milhões de dólares ao mês.

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