Ex-diretor do Fantástico critica participação de Regina Duarte na reunião de pauta do programa

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 Nilton Travesso
“Nos meus 61 anos de televisão, nunca vi a notícia de que um cenário de programa deu 11 pontos”. Com essa frase irônica, o diretor Nilton Travesso, 80 anos, define o atual momento do Fantástico, principal programa das noites de domingo da Globo, que passa pela pior crise de audiência de sua história.
Para Travesso, os atuais diretores do programa erraram ao valorizar a forma em detrimento do conteúdo. Segundo ele, a reforma apresentada pelo Fantástico em abril deu ênfase demais a aspectos plásticos, como o cenário e os efeitos especiais. E esqueceu o principal: “A televisão está carente de emoção”.

Tanta perfumaria confunde o público, avalia Travesso: o telespectador em casa não entende do que o Fantástico está rindo quando exibe emoticons na tela.
Um dos primeiros diretores do Fantástico, Travesso acha constrangedor ver uma estrela como Regina Duarte participando de reunião de pauta, sugerindo matéria, como ocorreu na edição de ontem (1°).
Nilton Travesso dirigiu o Fantástico durante cinco anos. Entrou no programa em 1974, a convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Antes, integrou a lendária Equipe A, que fez a Record líder de audiência em São Paulo nos anos 1960.
O Fantástico estreou em abril um novo formato. O programa passou a ser apresentado em uma redação-estúdio, com minipalco, telão, projeções sofisticadas, emoticons, sofás e bonecos falantes. Uma das novidades foi a inserção dos bastidores do programa, como as reuniões em que os jornalistas discutem as reportagens da semana.
Essas imagens de bastidores praticamente desapareceram após algumas semanas. Resistem as de um artista convidado por semana, como Regina Duarte, que não aparece no ar mais do que um minuto sugerindo um tema.
A audiência do programa, que era 36 pontos há dez anos, não passa de 17 atualmente. A liderança do Fantástico tem sido ameaçada pelo Domingo Espetacular, da Record, e pelo Programa Silvio Santos.
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