EUA retiraram sangue de índios da Amazônia equatoriana sem permissão

Uma companhia de petróleo e um instituto médico estadunidense teriam extraído, sem autorização, pelo menos 3.500 amostras de sangue de 600 indígenas equatorianos com características genéticas únicas, segundo uma investigação do governo equatoriano. Nesta sexta-feira (27), o Equador ratificou a acusação contra as entidades norte-americanas que também teriam vendido o DNA dos indígenas amazônicos a oito países.


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A prática viola a Constituição equatoriana, que proíbe o "uso de material genético e a experiências científicas que atentem contra os direitos humanos", assim como disposições internacionais.A prática viola a Constituição equatoriana, que proíbe o "uso de material genético e a experiências científicas que atentem contra os direitos humanos", assim como disposições internacionais.



























Houve cerca de "3.500 procedimentos" de extração de sangue, disse René Ramírez, titular da secretaria (ministério) de Educação Superior e Ciência do Equador, ao canal estatalECTV.


O presidente equatoriano, Rafael Correa, afirmou, no último dia 20 de junho, que as amostras foram retiradas a partir da década de 1970, "em parceria com uma petroleira que operava nestes territórios, a Maxus", em um caso em que estão envolvidos a Escola de Medicina da Universidade de Harvard e o americano Instituto Coriell, dedicado à pesquisa médica.

A destinatária das amostras para estudo teria sido a Universidade de Harvard. A Maxus operou na selva equatoriana até meados dos anos 1990, embora tenha estendido sua presença através de outra petroleira.

De acordo com a vice-ministra de Educação Superior do Equador, María del Pilar Troya, o Instituto Coriell também “termina vendendo (ilegalmente) isto (DNA) a oito países pelo menos”. A prática viola a Constituição equatoriana, que proíbe o "uso de material genético e a experiências científicas que atentem contra os direitos humanos", assim como disposições internacionais.

Ramírez afirmou que, segundo um estudo de sua pasta, naquela época havia uns 600 nativos huaoranis, o que "significa que foram extraídas algumas 'pintas' (450 mililitros) de sangue de uma pessoa mais de uma vez". O funcionário destacou que mais de 80% das extrações de sangue ocorreram sem consentimento e que “ninguém sabia que tinham fins de pesquisa”.

O presidente Correa afirmou que o plasma foi submetido a "experimentos" porque os nativos, que se mantinham afastados da civilização, são "imunes a certas doenças".

O chefe de Estado equatoriano disse que "não existe nenhuma lei federal dos Estados Unidos que dê fundamento jurídico para acionar em tribunais, a Coriell, Maxus ou os cientistas" de Harvard. No entanto, afirmou que serão buscadas as vias para isso.

Segundo Correa, existem 31 artigos científicos publicados entre 1980 e 2012 sobre estas amostras de sangue dos huaoranis. Ele disse ainda que certos autores estão associados à Harvard e que cientistas vinculam Coriell como "fornecedor do sangue".

"Comprovou-se que o Instituto Coriell tem, em suas bases, amostras e vende material genético de nacionalidade huaorani. Estas amostras foram adquiridas de um cientista da Escola de Medicina de Harvard", afirma a Defensoria do Povo equatoriana.

Ainda segundo a Defensoria, o Instituto "possui ilegalmente, desde 18 de dezembro de 1991, amostras de sangue" da etnia amazônica e, desde 1994, teria distribuído sete culturas celulares e 36 amostras a oito países.

Da redação do Portal Vermelho
Com informações de agências de notícias e da Telesul

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