Dilma terá cenário mais favorável exatamente no período de campanha

Em termos políticos e econômicos, com todos os percalços, Dilma tem um cenário que caminha do estável para o positivo. O vento está virando.

Antonio Lassance (*)
Agência Brasil

É bom olhar além das pesquisas de opinião para dar um passo à frente na análise de conjuntura e perceber seus impactos na futura campanha eleitoral. O vento está virando a favor de Dilma.

Em termos políticos e econômicos, com todos os percalços, Dilma tem um cenário que caminha do estável para o positivo.

Como já se imaginava, PMDB e PDT oficializaram apoio à sua reeleição. PSD, PP, PTB, PROS e outros estão a caminho de fazer o mesmo, sem surpresas. 

As resistências que a presidenta ainda encontra nesses partidos têm muito a ver com as disputas pelos governos estaduais. Mas, como em 2006 e 2010, é preciso olhar não só os candidatos a governador, mas a relação direta que o Planalto tem com prefeitos, inclusive os da oposição.

Mesmo a subida momentânea de Aécio nas pesquisas, maior e antes do esperado, contribui  para configurar o cenário ideal para Dilma, na medida em que o PSDB se firma como o adversário principal e ideal para servir de saco de pancadas. 

Dilma ainda depende, politicamente, de uma Copa do Mundo que transcorra com normalidade - torcida não só dela, mas da grande maioria da população. 

Mesmo assim, os maiores riscos na Copa se concentram, sem sombra de dúvida, em São Paulo, com foco em um assunto do Governo do Estado - a campanha salarial dos metroviários. 

Outro problema, a CPI da Petrobrás, tornou-se tão saturado que a própria oposição deixou de ir à sessão para ouvir o acusado que diziam ser o "homem bomba" do caso.

A possibilidade de segundo turno é ainda real, mas continua no fio da navalha. O desgaste de todos os políticos é um freio de mão puxado para os oposicionistas que, nos setores descontentes do eleitorado, são tidos mais como veneno do que como remédio para a política nacional.

Em termos econômicos, a inflação, alta no primeiro semestre, como no ano passado, tende a iniciar uma tendência de queda e reversão de expectativas negativas.

Além da melhora no preço dos alimentos, um fator crucial entrou em campo: o preço da energia está despencando. O nível dos reservatórios tem ficado acima do esperado, o que se reverte em uma previsão de afluência maior.

Somado à redução na demanda, durante o inverno, o preço da energia está caindo, e muito. A redução, em média, tem chegado a 45%. Na Região Sul, está sendo vendida 60% mais barata.

Na contramão, o governo tucano do Paraná pede que a ANEEL conceda um tarifaço de 32% em favor da companhia elétrica de seu Estado. O assunto já virou tema de campanha dos oposicionistas Roberto Requião (PMDB) e  Gleisi Hoffmann (PT) e é um  prato cheio para ser nacionalizado.

De quebra, a ameaça de crise do sistema (apagões generalizados) ficou cada vez mais remota.

A partir de agosto, com bastante tempo de TV para fazer frente à campanha midiática tucanófila, será hora da candidata responder aos ataques e dizer a que veio, sem ter que se preocupar tanto com inflação, Petrobrás e Copa como tem feito agora. 

O grande adversário de Dilma está no campo social. É o risco da mesmice, se seu programa não trouxer grandes e empolgantes propostas de mudança, e o desencanto com a política, para a qual a população gostaria de uma boa chacoalhada. 

Quem sabe a própria oposição forneceu o mote ideal para chacoalhar o debate sobre o sistema político. 

O decreto presidencial que reforça a participação popular no Governo Federal incomodou os partidos e a mídia tradicionais até mais do que se esperava.

É um ótimo sinal de uma boa briga - a mesma que se comprou em favor do Bolsa Família e dos Mais Médicos; a que faltou no Plano Nacional de Direitos Humanos-3.


(*) Antonio Lassance é cientista político.

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