De onde vem o mau-humor? Ora, é de deixarem a mídia ser o “partido único”

Autor: Fernando Brito
aguamole
O ex-presidente Lula disse ontem que boa parte da retração da economia vem do “péssimo humor” dos empresários.
Ontem, também, veio à luz uma pesquisa que diz que 72% estão insatisfeitos com o País.
O misterioso Stanley Burburinho pegou,em cima, a contradição com odado da pesquisa Ibope, da semana passada, onde 80% dos brasileiros estão “satisfeitos” ou “muito insatisfeito” com a vida que estão levando.
À parte possíveis distorções, não é possível deixar de reconhecer um grau significativo da contradição que este modesto blog já apontava há dois meses:
“Eu vou bem, mas o Brasil vai mal”

Porque a vida de gente sente, e a vida de um país a gente precisa de ferramentas para perceber, que amplifiquem nossos olhos, nossos ouvidos, nosso tato e nossos sentimentos.
E estas ferramentas são a comunicação.
Que dependem das fontes e dos meios, às vezes até mais do que seu conteúdo fático, objetivo.
“É a economia, estúpido” é uma regra que vale, mas não é absoluta, até porque a economia enfrenta ciclos melhores e piores em qualquer rumo que tenha.
Em nome de uma “eficiência administrativa”, desde seus primeiros meses, o Governo Dilma – como aliás fez Lula no seu primeiro mandato – abriu mão do combate político na comunicação.
Mais do que isso, aceitou sua pauta desde o começo – a “faxina e os maus-feitos”, lembram-se – e a prioridade do discurso da “ascensão da classe média” como sua base de estabilidade política.
De tempos em tempos, na hora das dificuldades, o Governo cede à verdade, tantas vezes comprovada, que são os conceitos de povo e de nacionalidade o que é capaz de unir e esclarecer a visão do povo brasileiro sobre os destinos do país.
E que a mídia brasileira, mesmo medíocre e desacreditada, também não foge do ditado de que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.
A pedra é dura, dura mesmo, e até “a pesquisa de insatisfação recorde” o revela – embora só vá saber quem a ler em detalhes e nos poucos órgãos que a publicaram inteira, tanto que Dilma lidera com folga a credibilidades entre os candidatos, com 49%, contra 27% de Aécio e 24% de Campos.
Não creio que, no médio prazo, esta situação vá se manter assim, ao contrário do que a Folha afirma ter sito dito pelo marqueteiro de Dilma, João Santana, muito embora só vazamento da  notícia (quem manda levar Paulo Bernardo para essas reuniões?) já seja mais um elemento ruim de marketing.
Existem situações objetivas, como o bom funcionamento da Copa, a conclusão de obras e, sobretudo, um alívio das pressões inflacionárias se desenhando até o dia das eleições.
E há, também e sobretudo, a deficiência dos nomes que se apresentam na oposição, medíocres e sem magnetismo ou carisma.
Mas, sim, é uma situação perigosa.
E, sobretudo, uma lição que não foi aprendida, como se o Governo aceitasse a ideia de que o problema de comunicação fosse basicamente o de  dar entrevistas ou de distribuir verbas publicitárias.
Quando é o de produzir sinergia, para o bem ou para o mal.

Comentários