Camille Claudel: Uma resposta ao espanhol que detonou a Copa



Ate onde essa lógica fascista num uso indevido da linha lmaginária de “Terceiro Mundo ” é a herança de uma gente CORTEZ?
por Camille Helena Claudel, via Facebook
Hoje eu vi o desabafo do sr. Ruiz, não vi um jornalista, mas um torcedor e um trabalhador amargurado como tantos que andejam pelas ruas da Espanha.
Morei por algum tempo entre esses trabalhadores e estudantes quando ainda não havia a “CRISE” tão falada.
No entanto, já via a necessidade, o descontentamento, coisa antiga, dores do sistema, dores remotas e recorrentes de uma guerra interna nos idos de 30, dores palpitantes de não saber seu lugar na invenção da UE.
Me acostumei a ver, Sr. Julián Ruiz, na prática, europeus que em dias quentes sequer conseguem pensar, não trabalham e não estudam e maldizendo a preguiça dos outros, se retiram à própria ‘siesta’.

Estes mesmos senhores apelam a mil jeitinhos se não conseguem o que esperam por via adequada, mesmo diante de facilidades como cidadãos.
Tiram férias enquanto reclamam que outros não trabalham e se recolhem em suas casas temperadas na espera de que imigrantes as limpem e trabalhem por eles em diversos setores do país, catapultando a economia, muitas vezes sem direito a voz e muito menos a voto.
Presenciei pela Europa a opressão abjeta de centros de acolhimento para imigrantes sem documentos, suas prisões ilegais de até 2 anos apenas porque “sin papeles”, um projeto da “Nova Europa” de “livre fronteira” e “sem pobreza”.
Acostumei a ver todos falando em terceiro mundo, jornalistas como o senhor que ainda não sabem que essa termiologia é obsoleta, esses mundos simplórios nao existem, mas um dia foram uma linha imaginária sobre a terra dividindo a todos como uma sentença de morte pras crianças.
Me habituei a ver também, “sinhozinho”, como ódios antigos permeiam sua sociedade em sua arrogância Cortez.
O diverso, o longínquo serve a ser explorado, e de que modo?
Suas idéias sobre o torneio dizem muito sobre o seu modo de ver o mundo e são uma herança de europeus que chegaram a paragens próximas daqui, sem retorno, queimando naus: GANHAR ou GANHAR, não importa a que custo; caso encontrassem resistência, cortavam as mãos dos guerreiros.
O calor das torcidas fez a diferença sr. Ruiz, muita mesmo, faz sempre diferença o calor em nossa casa … as seleções européias não estão mesmo familiarizadas com isso… inferno astral, nao é?
Mas, se são tão boas, como não conseguem jogar em outras condições?
Só poderão pra sempre jogar em seus territórios?
Só a Europa pode ter grandes eventos?
Centro do mundo que almeja continuar sendo e não PARTE dele?
Assim confortavelmente em suas casas poderão ganhar? Como o Brasil ganhou CINCO?
Outros se adaptaram ao seu mundo, como agora é sua vez de adaptar-se, quiçá?
Sr. Ruiz, sua seleção ficou conhecida por quebra-quebra na Copa das Confederações, e por culpar outros, os funcionários de hotel por suas querelas.
Ninguém falou mais… que pena, educados que fomos.
Entendo que a taxa de desemprego está destruindo as esperanças de um povo que, infelizmente, viu sua seleção envelhecer e ficar decadente, uma última esperança de sonho coletivo.
Quanto às mazelas da FIFA, será que o sr. as descobriu agora sr. Ruiz? Só agora?
Com seus “grandes times”, viciados?
Escândalos pululam pela Europa e o sr. sabe … deixou sua gente na total ignorância? Na SUA Copa como foi? Tudo melhor, não é?
Tudo made in Europa é melhor e nós temos que nos adaptar a “Ustedes”. Melhores que se vêem … que se acham e foram, em aculturar, pilhar e saquear.
Me acostumei a ver que jamais e por nada reconhecem a culpa pela derrota por aí, incompetência e crimes são sempre culpa do outro, do diverso, do estrangeiro.

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