Alvo de ataques na mídia, Gleisi Hoffmann é contra regulação de conteúdo

Senadora rejeita a ideia da regulação de conteúdo, mas defende o aperfeiçoamento da regulação econômica das concessões de rádio e televisão.

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Brasília - Ex-ministra da Casa Civil e uma das parlamentares mais atuantes da base do governo, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi vítima recente de uma campanha articulada pela oposição, com amplo apoio da mídia, que a estampou no noticiário do país como a vilã que estava tentando maquiar a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os números do desemprego para manipular a distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e para ajudar na reeleição da presidenta Dilma.

A jornalista Miriam Leitão, comentarista de economia da TV Globo e do jornal O Globo, chegou a acusá-la de investir contra a autonomia do IBGE por temer que os novos índices do desemprego pudessem “reduzir o brilho de um dos números a se mostrar na campanha da presidenta Dilma: o da taxa de desemprego de 5%”.

 
Pelo menos dois editoriais de O Estado de S. Paulo investiram contra a senadora pelos mesmos motivos. O resto da mídia seguiu o mesmo caminho, durante os seis meses em que a pesquisa levou pra ser concluída.

Mas o tempo mostrou a inconsistência da denúncia. A divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE comprovou o acerto da política econômica do país ao registrar a queda no desemprego e manter intactas as regras para distribuição do FPE. Gleisi, então, foi à tribuna do Senado cobrar a reparação das calúnias veiculadas contra ela. Mas nada saiu na imprensa. “A repercussão foi zero. Mas eu sou paciente e sei esperar. Acho que a mídia ainda me deve essa reparação. Eu acredito que a cada ação deve corresponder uma reação”, disse a senadora à Carta Maior.

De acordo com a senadora, tudo começou quando o IBGE anunciou que faria alterações nos critérios para execução da pesquisa, e ela e o senador Armando Monteiro (PTB-PE) enviaram um requerimento ao órgão questionando quais seriam eles. “Nós queríamos evitar que o IBGE divulgasse uma pesquisa mais ampla sobre o desemprego sem antes deixar claro os novos critérios, justamente para que não fosse contestada depois”, justificou.

Mas a interpretação da mídia, motivada pela campanha difamatória feita pela oposição, foi bem diferente, principalmente quando o IBGE suspendeu a pesquisa.
 
“Nós fizemos o requerimento porque a pesquisa impacta na avaliação do desemprego e na distribuição do FPE do próximo ano. Nunca pedimos para que fosse suspensa. Essa decisão foi da presidenta do IBGE, porque os novos critérios ainda estavam sendo discutidos”, explicou.

Mesmo após a experiência negativa, a senadora discorda de quaisquer iniciativas, para regular o conteúdo veiculado pela mídia. “Respeito muito à imprensa. Acho que ela cumpre um papel essencial na democracia, ao fazer a crítica, apresentar o contraponto, apontar os problemas. Por isso, regulação de conteúdo jamais. Nós não temos como intervir no que será publicado. Se a imprensa cometer algum excesso, a lei já prevê os caminhos para que seja responsabilizada”, afirmou à Carta Maior.

Quanto à regulação econômica, Gleisi tem opinião diversa, que acompanha a mudança de posicionamento já manifestada pela presidenta Dilma. “A regulação econômica cabe a quem tem concessão pública. Não atinge os jornais e as revistas, por exemplo, mas as concessões públicas de Rádio e TV. E é uma coisa normal como cabe a qualquer serviço público, como o transporte coletivo, por exemplo”,  justificou. Para a senadora, o Brasil já possui uma regulação econômica das concessões de canais. “O importante, agora, é melhorá-la. Mas regular conteúdo, jamais”, ressaltou.






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