A sombra de Barbosa levou o STF a fazer “contas de chegar”

Autor: Fernando Brito
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Só num mundo ideal a Justiça decide a partir de uma nuvem de pureza apolítica.
Mas como seria bom a a Justiça brasileira estivesse um tico mais elevada do que o chão a que a levou Joaquim Barbosa, quando a transformou em palco dos linchamentos midiáticos no caso do chamado “mensalão”.
Está claro que a dupla decisão de ontem – permitir o trabalho externo dos apenados e negar a prisão domiciliar de José Genoíno, por razões de saúde –  foi uma espécie de “conta de chegar”.

Como o prazo de progressão de pena de Genoíno vence em dois meses, está claro que o tribunal decidiu por lhe dar um  ”guenta até lá” para amenizar o discurso da “maioria de conveniência” determinada a uma “sanha reformadora” que Barbosa o ofendeu no julgamento dos embargos infringentes.
De outra forma, como explicar que o STF, a quem cabe equilibrar a ação do Ministério Público e a da defesa dos réus – não há outra parte envolvida – tenha optado por uma interpretação mais severa da situação do que o próprio MP requeria?
Está certíssimo meu parceiro Miguel do Rosário ao escrever que “os ministros entenderam que não tinham força ainda para enfrentar as duas arbitrariedades ao mesmo tempo”, referindo-se à absurda decisão de proibir o trabalho externo.
O Supremo Tribunal Federal, sob a gestão de Barbosa, foi tirado da condição de julgador para a de acusador e “intérprete do clamor público”, embora este clamor seja o do que se publica.
Barbosa se vai do STF em poucos dias, mas seu fantasma, como se viu, ainda assombra a nossa corte suprema.
E a faz pequena e assustada.

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