Se o Ministro não diz, Janot e o STF dizem. Polícia investiga, não faz carnaval

Autor: Fernando Brito
janot
A reação da Polícia Federal ao pedido do Procurador Geral da República para que não se divulgue, em off, detalhes da apuração sobre possível corrupção no Mato Grosso e apenas durante o curso da coleta de provas é, no mínimo, estranha.
Uma investigação policial é, necessariamente, uma ação muito mais focada na apuração de fatos do que na divulgação de suspeitas.
O caso Lunus é, aliás, a pior ilustração do que acontece com uma investigação policial quando ela passa a se prestar a interesses políticos e eleitorais.

Para não ficar falando em tese, vou contar algo que eu mesmo vivi, pessoalmente.
Uma situação em que, se eu tivesse alguma posição política serviria para explorações de toda ordem.
Imaginem só: Secretário de Brizola é indiciado por estelionato.
E eu fui.
A história?
Um belo dia, em 1988,  fui tirar meu extrato bancário no Banerj e aparecerem cheques de bom valor, que eu nunca passei.
Fui ao gerente, sentei no banquinho, esperei, esperei, esperei, até que veio uma mocinha.
Um carro forte do banco havia sido roubado e nele havia um malote com 29 livros de cheque.
Um deles, em meu nome.
Que, meses depois e já com uma identidade falsa, confeccionada com meu nome, foi passado na praça.
Um ano depois, uma intimação para depor apareceu em minha casa, já num processo judicial.
Fui à delegacia de onde tinha se originado a denúncia doo processo, para saber do que se tratava.
No cartório, o escrivão falou: senta aí, 171.
Não é preciso dizer que quase fui preso por desacato.
Bem, daí em diante, advogado, perícia grafotécnica e o diabo.
Arquivado o processo, não podia entrar com uma ação de dano moral.
Afinal, o Banco era do Estado e eu, Secretário de Imprensa do Estado.
Se eu ganhasse, nem minha avó acreditaria que era honesto.
Tive de esperar terminar o Governo para acionar – e ganhar, sem receber até hoje, claro – uma indenização por dano moral.
Agora imagine se um policial fizesse uso daquela informação?
Secretário de Brizola está indiciado por estelionato.
No jornal, assim.
Meses depois, uma notinha de cinco linhas dizendo que “alegou que o cheque foi furtado”,não é?

E tudo o que faz é citar o ex-diretor Paulo Roberto Costa, nenhuma informação objetiva de como, com quem , para quem.
Obvio que não coloco nem a ponta do dedo mindinho no fogo por um cidadão que, apesar de funcionário de carreira da empresa, foi instalado numa diretoria por pressões do PP.
Mas acho curioso que não se aponte  ”a atuação de uma organização criminosa” dentro do Metrô ou da CTPM paulistas.
Embora, ali, se possa ver um esquema continuado e concreto de nbeneficiamento a empresas que, aliás, já foram condenadas no exterior.
Os delegados da  Polícia Fderal deveriam, também, e não o fizeram, repudiar o fato de um policial federal fazer a Presidente da República de “alvo” em seus treinamentos.
Não o fizeram por que razão, com tamanho apego à instituição?
Desnecessário apelar para argumentos “esquerdistas”.
Basta comparar com o FBI.
Ou será que lá seria preciso que o “attorney- in- law” peça ao juiz que o FBI seja discreto?

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