Os balões de ensaio sobre a candidatura de Serra a vice de Aécio



Luis Nassif

O estilo José Serra é suficientemente conhecido do mundo político. Além do uso indiscriminado de dossiês, há um estilo inconfundível de Serra, como se fossem impressões digitais, nos balões de ensaio plantados na mídia.

Consiste em conversar com jornalistas aliados - ou jornais - e plantar uma notícia de seu interesse, mas a própria notícia o retratando desinteressado no tema, como se não tivesse nada a ver com o balão.



É o que acontece nesses dias, com sucessivos balões de ensaio sobre sua candidatura a vice-presidente na chapa de Aécio Neves.

As notas são plantadas em colunas e em jornais aliados e atribuídas a fontes genéricas do PSDB. Não aparece nenhuma fonte em on confirmando o suposto interesse do partido em sua candidatura. Mas as notas chegam ao requinte de levantar argumentos para supostamente convencer Serra a aceitar o fardo. A alternativa seria um mandato de deputado para um final de carreira obscuro. Então, porque não aceitar?

Simplesmente porque o convite não lhe foi feito por quem de direito - Aécio Neves e a executiva do PSDB - nem jamais o será. Simples assim.

Eleito presidente da República, a primeira atitude de Fernando Henrique Cardoso - conforme ele próprio admitiu - foi manter Serra fora do Palácio e do centro de poder, por saber de seu poder desagregador e de sua fábrica de dossiês que não poupava nem aliados.

Vítima de ataques de Serra, através da imprensa, e conhecedor profundo de seu estilo, Aécio jamais aceitaria dormir com o inimigo debaixo da mesma chapa.

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