Mais um "intelectual" escraxando o Brasil lá fora...

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O músico brasileiro Caetano Veloso. / CATERINA BARJAU

Por Blog do Liberato

“Criou-se uma imagem positiva do Brasil totalmente exagerada”

-Caetano Veloso nunca se dobrou ao que esperavam dele e se reinventa constantemente
-Esse ícone da cultura brasileira adotou um caminho que trafega com sucesso pelo rock
-Hoje, com 71 anos, luta para se manter lúcido e feliz
-“O pensamento conservador pode abordar coisas que as esquerdas recalcam”
-Os discos favoritos de Caetano

CARLOS GALILEA 20 MAI 2014 - 19:00 BRT

Desconfia do caetanismo, mas adora caetanear. Camaleônico nato, sempre sentiu a necessidade de mostrar a todo mundo o que descobria. Trabalhou com Pina Bausch, David Byrne e Carlos Saura. Cantou em inglês Cole Porter, Dylan e Kurt Cobain; em espanhol, Contigo en la distancia e Un vestido y un amor; em italiano, Come prima, e em francês, Henri Salvador. Gravaram suas composições desde Beck, Chrissie Hynde e o grupo Beirut até Jorge Drexler e Miguel Poveda. Caetano Emanuel Viana Teles Veloso fará 72 anos em agosto. E nos recebe no quarto de um hotel em Lisboa, a cidade onde começou uma turnê de um mês pela Europa, que o levará em 29 de maio a Madri (Teatro Circo Price) e no dia 31 a Barcelona (festival Primavera Sound). É acompanhado por um pequeno grupo de rock, a Banda Cê, com três músicos que pela idade poderiam ser seus filhos, para apresentar em show seu disco Abraçaço e recordar algumas de suas canções mais amadas.

Dizem que o senhor é uma das personalidades brasileiras mais inexplicáveis. Eu preferiria ser um pouco mais explicável (ele ri). Björk disse em uma entrevista: “Não quero ser entendida. Querer ser compreendido é uma arrogância”. Bom, pois eu sempre quis que me compreendessem.
“O Brasil parece um mundo de construções que já são ruínas”… Eu disse isso inspirado em Tristes Trópicos, de Lévi-Strauss, que li em 1968. Eu me apaixonei. Uma das coisas interessantíssimas que ele escreve é que, no Brasil, as coisas começam a ser construídas mal e já passam de construção à ruína sem chegar à realização, sem se completarem.
Realmente? Há um mês, The New York Times publicou uma reportagem sobre o Brasil na qual fotografaram pontes, viadutos... Estão em ruínas e nunca foram terminados. Coisas caras. Agora muitos desses aspectos negativos vieram à luz porque não faz muito tempo se criou uma imagem positiva do país totalmente exagerada. Muita gente festejou que o Brasil tivesse sido eleito como sede do Mundial de futebol e dos Jogos Olímpicos. Milhares de pessoas protestam hoje nas ruas. Alguns estádios não estão terminados, seu preço não foi explicado à população, as transações entre o Governo e as construtoras não são muito claras e a FIFA não é uma entidade internacional que desfrute de grande respeito ético.
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