Dilma abandona ambiguidade e cai de cabeça na campanha


GGN - No 14o Encontro Nacional  do PT, ontem em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff repetiu o novo estilo político, de explicitar posições e sair da postura defensiva adotada nos últimos tempos.
 
Foi um discurso forte, que começou com uma saudação a Lula e a afirmação de sua pré-candidatura à presidência:
 
"O senhor tem sido o maior líder político que esse país construiu nos últimos anos. Recebo a missão honrosa e desafiadora de ser a pré-candidata do PT à Presidência.  Meu respeito e carinho a Lula. Foi o compromisso ao povo brasileiro que nos uniu e esse compromisso é inquebrantável, não se quebra, não se verga. Mais uma vez, estou aqui diante de vocês e junto com vocês".
 
A segunda saudação foi à militância do PT. "E tivemos, sobretudo, essa incrível e corajosa militância do PT, que nunca nos abandonou". Lembrou a maneira como o país venceu a crise de 2008: "O Brasil soube defender, como poucos, o mais importante: o emprego e o salário do trabalhador – e foi o país que melhor venceu esta batalha!"
 
Lembrou as mudanças que seu governo conduziu: "O que consolidou o maior programa de habitação popular do nosso continente. O que implantou o maior programa de educação profissional de nossa história. O que levou médicos a todos os municípios brasileiros. O que melhorou a qualidade do ensino em todos os níveis.  E acelerou os avanços de nossa infraestrutura física e social".
 
Na sequência, investiu contra a oposição:
 
"No passado, que a nossa oposição tanto defende, o Brasil se defendia das crises arrochando os salários dos trabalhadores, aumentando as taxas de juros a níveis estratosféricos, aumentando o desemprego, diminuindo o crescimento, vendendo patrimônio público. E não se contentavam em vender o patrimônio do Brasil. Alienavam, com essa política desastrosa, o futuro do País.
Alienavam o futuro do nosso povo. E, o que é mais doloroso, a nossa esperança como Nação".
 
Mais uma vez explicitou a opção pela melhoria dos salários. "Foi por isso, que criamos uma nova e gigantesca classe média no Brasil. 42 milhões de brasileiros entraram, pela porta da frente, no mercado de trabalho e de consumo. Foi por isso que, Lula e eu, fizemos uma verdadeira revolução social no Brasil, retirando 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza".
 
Depois de enumerar os principais programas de seu governo, passa a delimitar as diferenças com os candidatos da oposição com uma clareza até agora inédita
 
Tem gente que acha, por exemplo, que o salário mínimo está muito alto. Que é preciso reduzi-lo.
 
Tem gente que acha que o desemprego está muito baixo e que é hora de aumentá-lo. Que trabalhador brasileiro está ganhando demais, que é hora de voltar a arrochar os salários.
 
Tem gente que acha que está na hora do Brasil voltar ter as taxas de juros estratosféricas do passado, para atrair investimento especulativos, facilitar a vida dos rentistas e dificultar o crescimento e a produção do Brasil.  
 
Tem gente que acha que é preciso acabar com o programa de cotas para afrodescendentes nas universidades, como já tentaram acabar com o Prouni.
 
Com a desculpa de defender a meritocracia, eles defendem, na realidade, uma universidade para ricos e brancos.
 
Há forças políticas que detestam ainda mais os programas que tiram as pessoas da miséria.
Afinal, eles nunca se preocuparam com os pobres deste país, com a distribuição de renda, com a superação da miséria.
 
Mas essa é a nossa marca; é a nossa história.
 
E terminou com um desabafo até agora inédito no seu discurso:
 
"Eu quero falar para vocês algo que está engasgado na minha garganta. Algo que está guardado no meu peito de cidadã brasileira.
 
"Eu não fui eleita para arrochar salário de trabalhador!
 
Eu não fui eleita para virar as costas para os pequenos empreendedores do nosso País
 
Eu não fui eleita para desempregar trabalhadores e trabalhadoras do Brasil!
 
Eu não fui eleita para vender ou mudar o nome da Petrobras e entregar o Pré-sal!
 
Eu não fui eleita para mendigar dinheiro no FMI!Eu não fui eleita para tornar a saúde do Brasil um privilégio de alguns!
 
Eu não fui eleita para fazer da Educação um caminho estreito!
 
Eu não fui eleita para varrer a corrupção para debaixo do tapete, como faziam!
 
Eu não fui eleita para colocar, de novo, o país de joelhos, como eles fizeram!
 
Eu não fui eleita para trair a confiança do meu povo!
 
Eu fui eleita para governar de pé e com a cabeça erguida. E é isso que eu vou continuar a fazer, ao lado do povo brasileiro e com a ajuda dessa militância incrível que sempre nos dá forças e inspiração!"

Comentários