Agenda internacional: plebiscito na Ucrânia mostra desgaste do governo de Kiev

Referendos realizados neste final de semana na Ucrânia mostram uma grande insatisfação com o governo de Kiev e suas ações militares na região.

Flávio Aguiar, de Berlim/Marcelo Justo, de Londres
Militares pró-russos em frente à Câmara Municipal de Sloviansk na autoproclamada República Popular de Donetsk.


Crise na Ucrânia

Aumenta o caos verbal dentro e em torno da crise ucraniana. Apesar das contestações do governo de Kiev, de países da União Europeia, dos Estados Unidos, e do distanciamento da Rússia em relação ao plebiscito organizado no leste do país, sua realização demonstrou no mínimo que os rebeldes dispõem de considerável apoio popular.  Este apoio – que pode não ser majoritariamente pela separação ou anexação à Rússia – mostra também uma grande insatisfação com o governo de Kiev e suas ações militares na região.


 
Apesar da forte editorialização das matérias sobre a Ucrânia na mídia ocidental, sempre a favor de Kiev e da ação dos EUA e da UE, os relatos das reportagens feitas in loco mostram que a maioria das mortes na região decorre de ataques pelo Exército ou Guarda Nacional da Ucrânia ou de grupos de extrema direita, como o “Setor da Direita”. A França e a Alemanha ameaçaram Putin com mais sanções, embora esta retórica se choque com o pouco apoio que tais propostas têm encontrado no interior de seus próprios governos. A Rússia insiste em que os rebeldes sejam incluídos em qualquer nova tentativa de diálogo. No entanto, não há previsão de novas reuniões em Genebra.


Lituânia

A crise ucraniana está hoje no pano de fundo de qualquer movimentação política na Europa. Na Lituânia realizaram-se eleições presidenciais no fim de semana, e a atual presidenta, a conservadora Dalia Grybauskaite, mobilizou em seu favor o temor de que a Rússia possa intervir na região do Báltico. Entretanto, ao contrário do que se esperava, o resultado divulgado na segunda-feira apontou para a realização de um segundo turno dentro de duas semanas, entre ela, que ficou com 45,8% dos votos e o social-democrata Zygmanta Balzytin, que ficou com 13,7%.

Estados Unidos

Nesta segunda-feira, 12,  o presidente Barack Obama recebe o presidente José Pepe Mujica, do Uruguai, em Washington.

Na quinta-feira, 15, o presidente Barack Obama e sua esposa Michelle Obama irão a Nova Iorque para a cerimônia de inauguração oficial do Museu do 11 de setembro, que será aberto ao público  a partir do dia 21.

Entre a segunda e a quinta-feira, o Tribunal do estado de Virgínia julga o pedido de anulação que cláusula que proíbe casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A ação é movida pelas associações Lambda Legal, American Civil Liberties Association (ACLA) e a ACLA-Virgínia, em nome de 14 mil casais de pessoas do mesmo sexo no estado.

China e Portugal

O presidente de Portugal passa a semana em visita oficial à China, com a intenção de aumentar os investimentos desta em seu país.

Nigéria

Continuam as buscas para localizar as meninas sequestradas pelo grupo Boko Haram no nordeste do país. Foram 284 sequestradas, sendo 276 da cidade de Chibok. Há informações de que 50 delas conseguiram fugir, mas permanecem escondidas com temor de represálias contra elas e seus familiares. Os EUA, Reino Unido, França, Israel, Austrália e até a China se disseram comprometidos a ajudar nas buscas. O presidente François Hollande propôs uma reunião de cúpula no sábado, 17, em Paris, com a participação da Nigéria e dos países próximos da região: Tchad, Camarões, Níger e Benin.

Líbia

Na segunda-feira, 12, recomeçam em Trípoli as audiências preliminares do julgamento dos filhos de Muhammar Gadhafi, Saif Al Islam e Saadi, além de dezenas de outros funcionários do governo deposto, como oex-chefe da espionagem interna, Abdullah Al Senussi, e os ex-primeiros-ministros Baghadi Al Mahmoudi e Bouzid Dorda. As acusações são de incitação à violência, desvio de fundos públicos, atos de sabotragem e contrários à unidade nacional. As audiêncais haviam começado em abril, mas foram suspensas para que os advogados de defesa pudessem ler as 4 mil páginas do processo.

Síria

Com a retomada de Homs na semana passada, cidade onde começou a rebelião que levou a uma guerra civil que já dura mais de três anos, o governo de Bashar Al Assad demonstrou que está na ofensiva militar e política, recuperando o terreno perdido. A retirada dos rebeldes de Homs foi negociada com a participação do embaixador do Irã, de diplomatas russos e representantes da ONU. Membros do governo de Teerã e mesmo analistas ocidentais afirmam ou admitem que Bashar Al Assad está ganhando a guerra. Ahmed Jarba, líder da Coalizão Nacional Síria, de oposição, está esta semana nos Estados Unidos tentando obter mais ajuda militar.
 
A guerra civil já provocou mais de 150 mil mortes no país; há 9 milhões de refugiados, sendo 2,8 deles fora da Síria. 3,5 milhões estão isolados, sem qualquer ajuda e 240 mil estão sitiados, ou por tropas rebeldes ou tropas do governo.

Na terça-feira Lakhdar Brahimi, enviado especial da ONU, apresenta seu relatório para o Conselho de Segurança.

Irã

De terça a sexta-feira representantes do governo iraniano se reúnem com representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança  e a Alemanha, em Genebra, para tentar chegar a um acordo final sobre o programa nuclear do país. No dia 15 de maio, quinta-feira, expira o prazo para que, de acordo, com o primeiro acordo feito, o Irã cumpra as determinações da Agência Internaciona de Energia Nuclear da ONU em relação à transparência de seu programa. O porta-voz do governo de Teerã sobre a questão anunciou que os sete passos recomendados estarão realizados antes deste dia.

Israel

O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert recebe a sua sentença na terça-feira, condenado que foi por crime de corrupção cometido quando era prefeito de Jerusalém. A promotoria pede seis anos de prisão e a defesa que não haja detenção.

Afeganistão

A Comissão Eleitoral Independente anuncia o resultado, na quarta-feira, das eleiçòes presidenciais no país. A previsão é de que o ex-primeiro ministro Abdullah Abdullah obtenha 45% dos votos e o ex-economista do Banco Mundial, Ashraf Ghani, 31 ou 32%, partindo ambos para o segundo turno no dia 7 de junho..

Esportes

As 32 equipes que participam do mundial no Brasil devem começar a enviar a relação oficial dos 30 jogadores convocados para seus times. O prazo termina em 2 de junho.


Créditos da foto: Militares pró-russos em frente à Câmara Municipal de Sloviansk na autoproclamada República Popular de Donetsk.

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