Tem dinheiro, tem água; não tem, fique seco

Autor: Fernando Brito
cantareiraseco
A anúncio do Governador Geraldo Alckmin de que será aplicada uma multa de 30% a quem consumir mais água do que a média é a ratificação do tipo de racionamento que será feito em São Paulo: o racionamento censitário.
Tradução: quem pode pagar, terá água o quanto quiser. Quem não pode pagar, passe o perrengue…

Hoje, pela primeira vez, mesmo com o artifício que passou a ser usado de “somar” o pequeno reservatório de Paiva Castro, que funciona como uma “caixa de passagem” para as bombas da elevatória de Santa Inês –  o que não era feito anteriormente- o volume total do Cantareira baixou pela primeira vez de 12%: 11,9%, sendo apenas 11,5% nos reservatórios do sistema, se é que ainda pode ser chamado assim.
Explico: voltaram a se deteriorar completamente as condições do principal reservatório, o Jaguari-Jacareí, dono de 83% da capacidade de reservação do Cantareira, está com apenas 4,18% de sua capacidade disponível. Pode ser que haja um pequena melhora com as chuvas fortes previstas para o curso desta semana, mas não vai alterar sequer no médio prazo.
Mais interessante (e dramático) é que, assim como março, o mês de abril vai terminar com chuvas acima da média histórica mensal – ao contrário do que ocorreu em janeiro e fevereiro – e o sistema continua esvaziando.
São Paulo tem um problema com a água semelhante ao que o Brasil tinha em 2001 com a energia elétrica: falta de investimento.
Só que o Brasil tem, de lá para cá, usinas enormes como Jirau e Santo Antônio inauguradas e a gigantesca Belo Monte que, apesar de todos os atrasos provocados pela adequação ambiental, vai operar sua primeira turbina já no ano que vem, como você pode ver na matéria veiculada ontem na Band e que reproduzo noa final do post.
E São Paulo? São Paulo não terá mais uma gota de água sequer até 2018, como resultado da “capacidade de planejamento, de gestão e de eficiência” do tucanato.

Comentários