Repórter da Globo resolve ser sincera: “a ordem é ouvir só o Paulinho da Força”

publicada quinta-feira, 10/04/2014 às 01:21 e atualizada quinta-feira, 10/04/2014 às 01:56
Jornalista da Globo se esconde em agência bancária...
por Rodrigo Vianna
A informação apareceu primeiro no facebook de Marize Muniz, assessora de imprensa da CUT. Ela contou o que aconteceu nesta quarta-feira (9/abril) quando uma repórter da Globo, destacada para cobrir a manifestação das centrais sindicais no centro de São Paulo, teve um infeliz ataque de sinceridade. Vejam:
(por Marize Muniz, via facebook)
“Deu dó. Sempre tenho pena de pessoas inocentes.
Foquinha da TV Globo gravou sonora com os caras da Força Sindical (do Aécio Neves), na Praça da Sé, durante manifestação de seis centrais sindicais.
Aí, um militante cutista foi lá e perguntou: e a CUT, você não vai ouvir ninguém da maior central da America Latina?
A pobrezinha respondeu: Tenho ordens da redação para só ouvir os caras da Força.
Foi um quiprocó danado e a bichinha teve de ir embora do local.” 
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Paulinho da Força: a ordem da chefia era falar só com ele
Resolvi checar a informação com outros manifestantes. E aí vieram mais detalhes. A jovem repórter da Globo – movida por ingenuidade, como sugere Marize (ou, quem sabe, por arrogância) - teria dito, com todas as letras, que estava ali só para entrevistar o “Paulinho da Força”. Essa teria sido a instrução recebida, ao sair da Redação.
Como se sabe, Paulinho é o presidente de central sindical mais crítica ao governo Dilma. Rompeu com o governo, e declarou que vai apoiar Aécio (PSDB) a presidente.
Não há problema nenhum em entrevistar o Paulinho. Afinal ele é o presidente legítimo de uma central sindical importante. O problema é a repórter de uma TV que é concessão pública revelar que tinha instruções claras para entrevistar apenas Paulinho da Força.
Um militante da CUT teria insistido, apresentando: “olha, essa aqui é nossa vice-presidenta, a Carmen, você não quer ouvir a CUT?”
A jovem repórter teria respondido: “não, a orientação é ouvir só o Paulinho da Força”.  A jornalista foi então vaiada e hostilizada pelos manifestantes – que passaram a gritar o tradicional “o povo não é bobo, fora a Rede Globo”.
“Ela não fez a entrevista. Ficou com medo e correu para uma agencia do Bradesco do outro lado da rua”, contou-me um manifestante com quem conversei há pouco.
Os manifestantes registraram a cena da jornalista escondida na agência – como mostram as fotos que o Escrevinhador publica com exclusividade.

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