Por que a mídia não está procurando Fabio Barbosa para falar da compra da refinaria de Pasadena?
Ele ocupava uma posição privilegiada quando a refinaria de Pasadena foi comprada. Era integrante do Conselho de Administração da empresa.
E é um executivo respeitado.
Isso não é suficiente para ouvi-lo?
Seria, se não fosse uma coisa: Barbosa está dizendo uma coisa que a mídia não quer publicar.
Disse Barbosa: “A proposta de compra de Pasadena submetida ao Conselho em fevereiro de 2006, do qual eu fazia parte, estava inteiramente alinhada com o plano estratégico vigente para a empresa, e o valor da operação estava dentro dos parâmetros do mercado, conforme atestou então um grande banco americano, contratado para esse fim. A operação foi aprovada naquela reunião nos termos do relatório executivo apresentado.”
Não repercutiu nada esta declaração na mídia tradicional. Ela apareceu no site da Veja. Provavelmente Barbosa recorreu aos filhos de Roberto Civita para que sua versão sobre a compra fosse publicada antes que a informação de que ele a chancelara ganhasse o noticiário em circunstâncias penosas para ele. Raras vezes, e isto é batata, como dizia Nelson Rodrigues, a Veja terá publicado algo tão contrariada.
Outra ausência notável entre os entrevistados na interminávek cobertura do caso é a de Claudio Haddad, também ex-conselheiro da Petrobras. Aqui é ainda mais revelador, dado que Haddad é um dos economistas mais procurados pela mídia para falar de questões macroeconômicas.
Mas ninguém quer saber de seu testemunho sobre a Petrobras.
Bem, no mesmo texto do site da Veja em que Barbosa fala do negócio, Haddad lembrou que as negociações foram assessoradas pelo Citibank, que deu aval à compra.
“O Citibank apresentou um ‘fairness opinion’ (recomendação de uma instituição financeira) que comparava preços e mostrava que o investimento fazia sentido, além de estar em consonância com os objetivos estratégicos da Petrobras dadas as condições de mercado da época.”
Algum jornalista, a propósito, foi atrás do Citi?
Não. Porque a vontade, no caso, não é levar luz onde há sombra, como manda o bom jornalismo, mas o oposto: levar sombra há luz.
Pobres leitores.
Pobre interesse público.
Pobre Brasil.
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