Mantega discorda de previsão pessimista do FMI sobre emergentes

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, participou de reuniões do FMI e do Banco Mundial em Washington.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, participou de reuniões do FMI e do Banco Mundial em Washington.
 
Valter Campanato/ABr

RFI

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (11) em Washington, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o FMI não percebeu que os emergentes assimilaram bem as medidas do banco central americano. Ele também disse acreditar que a reforma do FMI será implementada em breve. Decidida em 2010, essa restruturação que reforça a influência dos emergentes na instituição está emperrada no Congresso americano e foi tema do comunicado final do encontro de ministros das Finanças do G20 na capital americana.

"O FMI faz uma avaliação positiva dos países avançados, eu diria uma recuperação lenta em algumas regiões, mas coloca os países emergentes numa posição mais difícil, com mais problemas. Houve uma transição que causou uma turbulência nos mercados. Então os emergentes, que já estavam com problemas de transações correntes, também tiveram problema com fluxos de capitais e câmbio", disse o ministro.
"Dessa vez, o FMI fez uma previsão com um viés pessimista para os emergentes. Parece que 2014 é o ano da saída da crise", acrescentou Guido Mantega.
O ministro brasileiro afirmou que "houve mau humor do mercado em relação aos emergentes", além de uma aversão a risco. Ele disse que o FMI não percebeu que o mercado assimilou bem as medidas do Fed, o banco central americano, e por isso fez projeções de teor pessimista para as economias emergentes.
A partir de março, as bolsas dos emergentes começaram a subir e os fluxos de capital começaram a voltar, de acordo com Mantega. Segundo o ministro, o cenário é positivo para todos. De acordo com um relatório citado pelo ministro, o impacto sofrido pelo Brasil provém em dois terços da crise internacional e em um terço de problemas domésticos.
O ministro está na capital americana para participar dos encontros de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Mantega também participou de reuniões dos Brics e encontros com investidores.
Reforma do FMI
Depois de dois dias reunidos em Washington, os ministros das Finanças dos países do G20 insistiram em seu comunicado final para que os Estados Unidos ratifiquem a reforma do Fundo Monetário Internacional.
O Congresso americano está protelando a implementação do pacto acordado em 2010 por todos os países membros do FMI. A reforma prevê ajustar as ações ou quotas de algumas nações no fundo e aumentar sua capacidade de oferecer empréstimos para cerca de 739 bilhões de dólares. Isso daria mais poder na instituição a países emergentes como a China e o Brasil.
Os ministros reunidos em Washington afirmam que se a reforma não for aprovada até o final do ano, pedirão que o FMI formule outras opções.
Em 2010, os Brics fizeram uma contribuição de 90 bilhões de dólares ao fundo. "Acho que é preciso começar a pensar em alternativas, caso o Congresso continue não aprovando a reforma. O Fundo não pode ficar entalado", afirmou Mantega.
Algumas opções estão sendo consideradas, mas o ministro não especificou quais seriam as medidas que o Fundo poderia tomar caso o Congresso americano continue a barrar a reforma da instituição.
Guido Mantega disse acreditar que a reforma do FMI será em breve implementada, pois o papel do Fundo é "significativo para o bom desempenho da economia global".
Os Estados Unidos são os maiores acionistas do FMI. Segundo o secretario do Tesouro americano, Jacob Lew, há interesse tanto de democratas quanto de republicanos para que o Congresso atenda às exigências do G20.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, já afirmou que é fundamental que os Estados Unidos tomem uma postura mais pró-ativa, caso contrário, "todos saem perdendo". A pressão para reforma do fundo agora não se restringe mais apenas a emergentes e conta também com o apoio da Austrália e do Reino Unido.
Em sua declaração final, os ministros das Finanças do G20 também apontaram que estão acompanhando a situação na Ucrânia e os riscos decorrentes para a "estabilidade" financeira e econômica mundial.

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