Investidores apostam na derrota de Dilma nas eleições, afirma Les Echos

O diário econômico Les Echos publica reportagem sobre o ano eleitoral no Brasil. 22 de abril de 2014.
O diário econômico Les Echos publica reportagem sobre o ano eleitoral no Brasil. 22 de abril de 2014.
Reprodução/RFI
Adriana Moysés
O diário econômico Les Echospublica nesta terça-feira (22) uma extensa reportagem sobre o ano eleitoral movimentado nos países emergentes. Brasil, Turquia, Indonésia e Índia têm eleições em 2014 que podem levar a alternâncias no poder. O jornal francês sublinha que os emergentes atravessam um momento de instabilidade econômica e mudar de política, na atual conjuntura de déficits, é vital para reduzir os desequilíbrios e criar novas fontes de crescimento.

Les Echos constata que quanto mais a presidente Dilma Rousseff recua nas pesquisas de intenção de voto, mais ganhos registram a Bolsa de Valores de São Paulo e as ações das estatais. Para o diário econômico não há dúvidas: os investidores apostam na derrota eleitoral da presidente nas eleições de outubro.
Um exemplo prático dessa tendência foi a valorização do real, nas últimas semanas, que voltou a um patamar de seis meses atrás (+1,07%) conforme as pesquisas de opinião apontaram queda de popularidade da presidente Dilma, escreve o Les Echos. As ações das estatais, que andavam perdendo valor, refletiram a escolha dos investidores por uma alternância de poder no Brasil: as ações da Petrobras tiveram 3,7% de valorização e as do Banco do Brasil, 4,3%.
"Milagre brasileiro"
O jornal nota que o mercado financeiro no Brasil não passava por um momento de nervosismo como o atual desde a eleição do ex-presidente Lula em 2002. A vitória de Lula derrubou as bolsas, depois a situação melhorou. Em 2010, quando Dilma foi eleita, a reação dos mercados foi positiva. Porém, em seguida, a economia se degradou e o Brasil voltou ao quadro de "inflação galopante", observa o Les Echos.
O jornal conclui que, para os investidores, uma alternância no poder daria um novo fôlego ao Brasil. Os analistas ouvidos na reportagem reconhecem que a situação atual de crescimento baixo e inflação alta não corresponde ao potencial do país. Eles estão convictos que a próxima onda de crescimento virá dos investimentos em infraestrutura. O Brasil carece de hospitais, redes de esgoto, rodovias e aeroportos.
Ainda tem gente que aposta no "milagre brasileiro" com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos do Rio em 2016, comenta o Les Echos. 

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